Cristianismo Wiki
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{{ver desambiguação}}
[[Imagem:Hagiasophia-christ.jpg|thumb|200px|[[Mosaico]] representando Jesus Cristo, patente na antiga [[Basílica]] [[Igreja Ortodoxa|Ortodoxa]] de [[Basílica de Santa Sofia|Hagia Sophia]], [[Istambul]], datado de cerca de [[1280]].]]
 
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{{Info biografia
'''Jesus de Nazaré''', '''Jesus Nazareno''' ou '''Jesus da Galiléia''' ([[8 a.C.|8]]-[[4 a.C.|4]]? [[Anno Domini|a.C.]] – [[29]]-[[36]]? [[Anno Domini|d.C.]]) é a forma grega do nome [[Yeshua]] e por ser filho de Maria com José, o carpinteiro, em [[Belém (Judeia)|Belém]]. É reconhecido oficialmente na geneologia da Casa Real de David como '''[[Yeshua]] ben Yoseph''', ou seja, "Jesus, filho de José".
 
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|nome = Jesus
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|imagem = Christ Carrying the Cross 1580.jpg
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|imagem_tamanho = 250 px
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|legenda = Pintura ''Jesús con la cruz a cuestas'' por [[El Greco]]. <br>Ainda que não existam retratos de Jesus e tampouco qualquer indicação de sua aparência, é freqüente a sua representação na [[Arte sacra|arte do Cristianismo]].
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|nome_completo = Jesus de Nazaré
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|data_nascimento = [[8 a.C.|8]]-[[4 a.C.|4]]? [[Anno Domini|a.C.]]<ref name=Data/>
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|local_nascimento = [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], [[Judéia]] <ref group=nota>Segundo os evangelhos de Lucas e Mateus. Contudo alguns estudiosos afirmam que ele possa ter nascido em Nazaré.</ref>
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|data_morte = [[29]]-[[36]]? [[Anno Domini|d.C.]]<ref name=Data/>
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|local_morte = [[Jerusalém]], [[Judéia]]<ref group=nota>De acordo com o [[Novo Testamento]], ele ressuscitou no terceiro dia após sua morte.</ref>
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|causa_morte = [[Crucifixão de Jesus|Crucificação]]
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|nacionalidade =
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|ocupação = [[Carpintaria|Carpinteiro]], [[profeta]] itinerante e [[rabino]]
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|etnia = [[Judeu]]
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'''Jesus'''<ref group=nota name=Jesus>O nome Jesus é a versão portuguesa da forma [[Língua grega|grega]] Ίησους, [[Transliteração|transliterado]] ''Iēsous'' que por sua vez é a tradução do nome hebraico ''[[Yeshua]]'', que por ser filho de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] e de [[São José|José]], o [[carpinteiro]], em [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], é reconhecido oficialmente na [[genealogia]] da Casa Real de [[David]] como '''[[Yeshua]] ben Yoseph''', ou seja, "Jesus, filho de José".</ref><ref group=nota>Jesus também é conhecido como '''Jesus de Nazaré''', '''Jesus Nazareno''' ou '''Jesus da Galiléia''', os cristãos o chamam de '''[[Jesus Cristo]]''' e os muçulmanos o conhecem por '''[[Isa (profeta)|Isa]]'''.</ref> ([[8 a.C.|8]]-[[4 a.C.|4]]? [[Anno Domini|a.C.]] &ndash; [[29]]-[[36]]? [[Anno Domini|d.C.]]<ref name=Data>A maioria dos historiadores e eruditos bíblicos definem as datas de nascimento e morte de Jesus nesse período. Entre eles: ''D. A. Carson'', ''Douglas J. Moo'' e ''Leon Morris''. ''An Introduction to the New Testament.'' Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1992, 54, 56</ref><ref> Michael Grant, ''Jesus: An Historian's Review of the Gospels'', Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, ''A Marginal Jew'', Doubleday, 1991–, vol. 1:214; E. P. Sanders, ''The Historical Figure of Jesus'', Penguin Books, 1993, pp. 10–11, e Ben Witherington III, "Primary Sources," ''Christian History'' 17 (1998) No. 3:12–20.</ref><ref name=Enciclopédia Católica>{{Citar web|url = http://www.newadvent.org/cathen/08377a.htm | titulo =Cronologia da Vida de Jesus Cristo|trabalho = Catholic Encyclopedia|lingua= inglês|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref>) é a figura central do [[cristianismo]]<ref name=Papa>{{Referência a livro| autor = [[Papa Bento XVI|Ratzinger, Joseph]] | título = Jesus de Nazaré | idioma = português | edição = 1º Edição | editora = Planeta do Brasil | ano = 2007 | páginas = 312 | id = ISBN 9788576652786}}</ref>. Para a maioria dos [[cristãos]] ele é a [[encarnação]] de [[Deus]], o "[[Filho de Deus]]", que teria sido enviado à [[Terra]] para salvar a [[humanidade]]. Acreditam que foi crucificado, morto, desceu à [[mansão dos mortos]] e ressuscitou ao terceiro dia (na [[Páscoa]])<ref name=Papa />. Para os adeptos do [[Islão|islamismo]], Jesus é conhecido no [[Língua árabe|idioma árabe]] como ''[[Isa (profeta)|Isa]]'' (عيسى, [[Transliteração|transl.]] ''Īsā''), ''Ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"). Os [[muçulmano]]s tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do [[Juízo Final]]<ref name=Islao>{{Citar web| url = http://www.sbmrj.org.br/Atualidades-equiv.htm| titulo = A visão Islamica sobre Jesus| trabalho = Sociedade beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> <ref name=Pofeta>{{citar web|url = http://www.universia.com.br/html/materia/materia_fjij.html| titulo = Jesus é profeta para muçulmanos| trabalho= Universia Brasil|autor=Carlos Brazil|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref>. Alguns segmentos do [[judaísmo]] o consideram um [[profeta]]<ref name=Judaismo1>{{Citar web|url = http://www.jcrelations.net/pt/?item=2922|titulo= Vistas Modernas Judaicas de Jesus|trabalho = Relacionamentos Judaicos-Cristãos |autor = John T. Pawlikowski|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref> , outros um [[apóstata]]<ref name=Judaismo2>{{Citar web|url = http://www.visaojudaica.com.br/Maio%202004/Artigos%20e%20reportagens/judaismo_e_cristianismo_reflexoes_historicas.htm| titulo = Judaísmo e cristianismo: reflexões históricas |trabalho = Visão Judaica| autor = Sergio Feldman|lingua= português|acessodata=[[14 de outubro]] de 2008}}</ref>. A [[Bíblia]] é umas das principais fontes de informação sobre ele.
   
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Embora tenha [[Oratória|pregado]] apenas em regiões próximas de onde nasceu, a [[província romana]] da [[Judeia (província romana)|Judéia]], sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos [[século]]s após a sua morte. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.
Por intermédio de Jesus e dos seus ensinamentos nasce o [[cristianismo]].
 
   
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== Fontes textuais ==
Os cristãos reconhecem-no como "o [[Cristo]]" (ou mesmo que "o [[Messias]]"), de onde se origina a nomenclatura [[Jesus Cristo]].
 
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[[Imagem:P52 recto.jpg|right|thumb|130px|<div class=plainlinks style="text-align:left;">O [[papiro P52]], escrito em [[língua grega|grego]] e [[paleografia|paleograficamente]] datados como tendo sido escrito por volta do ano [[125]] [[Anno Domini|d.C.]], é atualmente reconhecido como o mais antigo documento sobre Jesus<ref group=nota>Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro ''7Q5'' encontrado em [[Qumran]], que remontaria a [[50|50 d.C.]]: Segundo alguns estudiosos, ele contém {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=6|verso=52-53}}, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do [[Evangelho segundo Marcos]].</ref>. Contém um fragmento de {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=31-33}} no ''recto'' (frente) e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37-38}} no verso.</div>]]
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As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:
   
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* As '''[[Epístolas paulinas|cartas de Paulo]]''', (posteriormente incluídas no [[Novo Testamento]]): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 [[Anno Domini|d.C.]] <ref>''Traduction Oecuménique de la Bible'', pp. 2919-2920.</ref>, por [[Paulo de Tarso]], representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contêm informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da [[Jesus histórico|figura histórica]]. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
O nome ''Jesus'', (do [[hebraico]], ''[[Yeshua]]''), que significa "Deus [YHVH] Salva", ou "auxílio do SENHOR" (''YHVH''). Veja o Tetragrama [[YHVH]].
 
   
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* Os quatro '''[[evangelhos canônicos]]''' ([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]]): De acordo com alguns historiadores, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do [[século I]], tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma [[década]] de tradição oral<ref group=nota>A datação do primeiro século foi é proposta pela maioria dos estudiosos cristãos. Veja, por exemplo, a datação da ''Traduction Oecuménique de la Bible'' (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do século I (p. 2414).</ref>, enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século<ref>{{Referência a livro| autor = Alfred Loisy | título = Le origini del Cristianesimo| idioma = italiano | ano = 1964}}. Ambrose Domini também assume uma data entre 70 d.C e meados do segundo século.</ref>. Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos [[hermenêutica|hermenêuticos]] dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos [[evangelhos]] e a [[Jesus histórico|historicidade de Jesus]] têm se desenvolvido;
Seus discípulos o chamavam ''[[Messias (Judaísmo)|Messias]]'', ou "o Ungido de YHVH". O nome [[Cristo]] vem do [[língua grega|grego]] Χριστός (''Christós''), que significa "Ungido". Os [[cristianismo|cristãos]] consideram-no o [[filho de Deus]] e, para a maioria destes, também o próprio [[Deus]] enviado à Terra para salvar a [[humanidade]].
 
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* Os '''[[livros apócrifos]]''': Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história <ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = Apocrifi del Nuovo Testamento| idioma = italiano | editora =Piemme | ano = 1984}}</ref><ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|''O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito ténue, e na maioria das vezes nulo.}} </ref> (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do [[século II]], são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes<ref>{{Referência a livro| autor = Luigi Moraldi| título = I Vangeli Gnostici| idioma = italiano | editora =Adelphi | ano = 1991}}</ref><ref group=nota>{{citação|Luigi Moraldi|[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revelam tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.}} </ref>), eles fazem uso de [[fábula]]s legendárias em grande partes de suas narrativas.<ref> Geno Pampaloni, ''La fatica della storia''</ref>. Seus tipos e estilos são variados:
   
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:* Os ''[[evangelhos apócrifos]]'' (como o [[Evangelho do Pseudo-Tomé]] e o [[Evangelho do Pseudo-Mateus]]) que contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por vezes caprichoso e vingativo;
Embora tenha pregado apenas em regiões muito próximas de onde nasceu, sua influência tornou-se mundial.
 
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:* Os ''[[Gnosticismo|evangelhos gnósticos]]'' (incluindo o [[Evangelho de Felipe]] e [[Evangelho de Tomé]]), que contêm revelações privadas e interpretações inéditas sobre o "''logos''", e transforma Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de alcançar salvação <ref group=nota> Veja também o artigo [[Gnosticismo]].</ref>;
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:* Os ''evangelhos apócrifos da paixão'' (por exemplo, o [[Evangelho de Pedro]] e o [[Evangelho de Nicodemos]]) que não acrescentam muito às descrições de morte de Jesus dos [[Evangelhos canônicos]], mas com a característica distintiva de retirar a culpa de [[Pôncio Pilatos]] e coloca-las sobre os chefes e autoridades religiosas judias.
   
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* '''Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus''': Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o ''[[Testimonium Flavianum]]''. Alguns historiadores <ref> Entre estes Emil Schürer (''The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (175 B.C.- A.D. 135)'', 4 voll., Edimburgo, T. & T. Clark, 1973-87) e Henry Chadwick (''The Early Church'', Londra, Penguin, 1993²</ref> consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos.
Com sua morte por crucificação seus seguidores foram perseguidos e martirizados. Nas arenas romanas alguns entregues à morte pelos leões, contudo o cristianismo cresceu.
 
   
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== Etimologia ==
Alguns segmentos judaicos o consideram um [[profeta]], outros um [[apóstata]]. Para os adeptos do [[islamismo]] Jesus é um grande profeta. A sua influência também é marcante em outras religiões, como as de origem [[gnose|gnósticas]] e [[espiritualismo|espiritualistas]].
 
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O nome '''Jesus''' vem do [[hebraico]] ישוע (''[[Yeshua]]''<ref group=nota>Nos relatos de [[Toledot Yeshu]], elementos dos [[Evangelhos]] sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de “''Yeshu''” no [[Talmud]]. Tais narrativas explicam a designação ''Yeshu'' como um [[acrônimo]] da frase hebraica '''ימח שמו וזכרו''' - ''Yemach Shemô Vezichrô'' - Seja apagado seu nome e sua memória.</ref>), que significa "[[Jeová]] ([[YHVH]]) salva<ref name=Nome de Jesus>{{Citar web|url = http://www.cacp.org.br/movimentos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1338&menu=12&submenu=6 | titulo =A questão sobre o nome de Jesus |trabalho = CACP|lingua= português |data= [[8 de novembro]] de 2007| autor =Ezequias Soares|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>. Foi também descrito por seus seguidores como ''[[Messias]]'' (do [[hebraico]] משיח (''mashíach'', que significa ''ungido'' e, por extensão, ''escolhido''<ref name=Messias>{{Citar web|url =http://dicionario.extremehost.psi.br/messias.html| titulo =Definição de Messias|trabalho = ExtremeHost|lingua= português |acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>), cuja tradução para o [[Língua grega|grego]], Χριστός (''Christós''), é a origem da forma [[Língua portuguesa|portuguesa]] '''[[Cristo]]'''<ref name=Cristo>{{Citar web|url =http://linguistica.publico.clix.pt/duvida.aspx?id=1843| titulo = Significado e etimologia do termo Cristo | autor = Pedro Mendes |trabalho = Público.pt |lingua= português|acessodata=[[16 de outubro]] de 2008}}</ref>.
   
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=== Nomes e títulos de Jesus ===
==Nascimento==
 
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[[Imagem:Ichthys.svg|thumb|150px|right|O símbolo do peixe, recorrente no início da [[iconografia]] cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (''ichthýs'') é o [[acrônimo]] de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (''Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr''), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador<ref>{{citar web|url=http://www.iujc.pt/compr/20/rev20-1.htm|titulo=Análise dos símbolos religiosos|trabalho=Compreender - Revista Cristã de Reflexão|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>.]]
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Nos livros de [[Novo Testamento]], Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários [[epíteto]]s e [[título]]s (A lista está em ordem decrescente de frequência):
   
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* "'''Jesus'''"<ref group=nota name=Jesus/>
Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado por cinco pequenos livros do [[Novo Testamento]] da [[Bíblia]], designados por [[Evangelhos canônicos]]: [[Evangelho]]s de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]], os [[Atos dos Apóstolos]]. Os [[Evangelhos Apócrifos]] apresentam também alguns relatos relacionados com a infância de Jesus, nomeadamente no [[Evangelho de Judas]] e no [[Evangelho de Tomé]].
 
   
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* "[[Cristo]]". Literalmente significa "ungido"<ref name=Messias/>, e foi posteriormente associado ao [[Messianismo]]. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político<ref group=nota>À época, a [[Palestina]] estava sob dominação do [[Império Romano]].</ref><ref group=nota>Veja também o artigo [[Jesus Cristo]].</ref>
Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os [[Atos dos Apóstolos]] contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de [[Paulo]] também dizem alguma coisa sobre Jesus e algumas de suas palavras aparecem noutros lugares. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de [[Flávio Josefo|Josefo]], que nasceu no ano [[37]] d.C.; nos de [[Plínio, o Moço]], que escreveu por volta do ano [[112]]; nos de [[Tácito]], que escreveu por volta de [[117]]; e nos de [[Suetônio]], que escreveu por volta do ano [[120]]. Todos eles escreveram sobre Jesus muitos anos após a morte dele.
 
   
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* "[[Senhor]]". Utilizado principalmente no livro de [[Atos dos Apóstolos]] e nas cartas. O título honorífico, em [[Koiné|grego clássico]] é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a [[Septuaginta]] faz deste título com o temo [[Língua hebraica|hebraico]] ''יהוה'' ([[YHWH]]), que é um dos nomes de [[Deus]].
No entanto, é nos Evangelhos de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]] e de [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] que se tem melhores informações a respeito da infância de Jesus. Enquanto Mateus foi um dos doze [[apóstolo]]s, Lucas teria empreendido uma pesquisa dos fatos que na sua época já eram relatados de modo que o seu Evangelho é o que mais contém informações a respeito da vida de Jesus na Terra, antes mesmo do seu nascimento.
 
   
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* "[[Filho do Homem]]." Na tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação [[escatologia|escatológica]].
===A notícia do anjo Gabriel===
 
De acordo com o relato de Lucas, na época do rei [[Herodes]], o sacerdote [[Zacarias]], esposo [[Isabel]], ambos já de idade avançada, recebeu a promessa do nascimento de [[João Batista]] através do [[anjo]] [[Gabriel]].
 
   
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* "[[Filho de Deus]]". No [[Antigo Testamento]], a expressão indica uma relação estreita e indissociável entre Deus e um homem ou uma comunidade humana. No [[Novo Testamento]], o título assume um novo significado, indicando uma filial real<ref>Veja {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=1|verso=26-38}}.</ref>.
No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a [[Maria]] na cidade de [[Nazaré]], a qual era virgem e noiva de [[José]] e anuncia que ela viria a conceber do [[Espírito Santo]] e ser mãe de Jesus.
 
   
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* "[[Rei]]". O atributo da realeza foi relacionada com o [[Messias]], que era considerado um descendente e herdeiro do [[David|Rei Davi]]. Jesus, apesar de se indetificar como o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=15}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=36}}.</ref>.
Lucas relata que, após receber a notícia do anjo, Maria teria passado uns três meses com Isabel e Zacarias nas montanhas de Judá e que depois retornou para sua casa.
 
   
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Alguns dos seus outros títulos são: [[rabino|Rabi]] (ou Mestre)<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =19|verso=16-17}}, {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo =26|verso=18}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=16}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=5|verso=35}}</ref> [[Profeta]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=13|verso=57}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=4|verso=19}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=7|verso=40}}</ref> [[Sacerdote]]<ref>{{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=8|verso=4}} e {{citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=10|verso=21}}</ref>, [[Nazareno]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=71}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=16|verso=6}}, {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=2|verso=22}} e {{citar bíblia|livro=Atos|capítulo=22|verso=8}}</ref>, [[Deus]]<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=28}}</ref>, [[Logos|Verbo]]<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=1-4}}, {{citar bíblia|livro=I João|capítulo=1|verso=1}} e {{citar bíblia|livro=Apocalipse|capítulo=19|verso=13}}.</ref>, Filho de [[São José|José]]<ref>Veja {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=45}}</ref> e [[Emanuel]]<ref>Veja {{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=1|verso=23}}</ref>.
Mateus, por sua vez, trás a informação de que José, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a importante missão de conceber o Messias e se afastou de Maria, pelo que um anjo lhe pareceu em sonhos para que ele a recebesse.
 
   
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Além disso, especialmente no [[Evangelho segundo João]], são aplicadas a Jesus expressões [[alegoria|alegóricas]] como: [[Cordeiro]], Cordeiro de Deus, [[Luz]] do [[Mundo]], [[pastor]], bom pastor, [[pão]] de vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e [[Verdade]]<ref>Algumas referências são: {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=29}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=3|verso=19}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=11}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=6|verso=35}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=10|verso=7}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=14|verso=6}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=37}}</ref>.
===Nascimento em uma manjedoura===
 
Devido a um decreto de [[Otávio Augusto]], todas as pessoas que viviam no mundo romano tiveram que se alistar em suas respectivas cidades.
 
   
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== Pontos de vista sobre Jesus ==
José, por ser da cidade de Belém, sobe com Maria da [[Galiléia]] para a [[Judéia]]. Chegando ao local de destino, não tendo encontrado hospedagem, nasce Jesus em uma manjedoura.
 
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=== Método histórico ===
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{{Ver artigo principal|[[Jesus histórico]]}}
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Estudiosos têm utilizado o [[método histórico]] para desenvolver a provável reconstruções da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos<ref>Borg, Marcus J. e N. T. Wright, ''The Meaning of Jesus: Two visions''. New York: HarperCollins. 2007.</ref>. Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico<ref group=nota>O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a [[Fé]].</ref>, ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica<ref name=Papa/>. As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]] e [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]]. Acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus<ref group=nota>{{citação|Robert E. Van Voorst|A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.}}</ref><ref group=nota>{{citação|Walter P. Weaver|A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.}}</ref><ref>Robert E. Van Voorst, ''Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient Evidence'' Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000, p. 16.</ref><ref>Walter P. Weaver, ''The Historical Jesus in the Twentieth Century, 1900-1950'', Continuum International, 1999, page 71.</ref>.
   
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O livro do [[Alsácia|alsaciano]] [[Albert Schweitzer]] ''A Busca do Jesus histórico''<ref name=Schweitzer>{{referência a livro|autor=Albert Schweitzer|título=A Busca do Jesus histórico| subtítulo= Um estudo crítico de se progesso|editora=Editora Cristã Novo Século|ano=2005|idioma=português|local=São Paulo|páginas=485|id = ISBN 8586671304}}</ref> é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do [[século XVIII]], estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do [[século I]], analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e [[sociologia|sociológica]], além da análise literária dos ditos de Jesus<ref>Cross, F. L., ed. ''The Oxford Dictionary of the Christian Church''. New York: Oxford University Press. 2005 - article "Historical Jesus, Quest of the"</ref>.
Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus.
 
   
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=== No islamismo===
Completados os oito dias que determina a tradição judaica, Jesus foi apresentado ao templo por sua família para ser circuncidado, quando foi abençoado por [[Simeão (Novo Testamento)|Simeão]] e [[Ana (filha de Fanuel)|Ana]].
 
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[[Imagem:Turkish-islam isa.jpg|thumb|150px|Ascensão de Jesus numa antiga pintura [[Turquia|turca]].<ref>{{citar web|url= http://members.surfeu.at/veitschegger/texte/andere_rel.htm |titulo=Jesus nas outras religiões|autor=Karl Veitschegger|lingua=alemão|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>]]
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{{Ver artigo principal|[[Isa (profeta)]]}}
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Jesus, conhecido em [[língua árabe|árabe]] como ''Isa'' ou ''Isa ibn Maryam'' ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais [[Profetas do islão|Profetas do Islã]]. De acordo com o [[Alcorão]] foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.
   
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A virgindade de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]] é plenamente reconhecida pelo islã.<ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 41, Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 19 e Sura [[Maryam (sura)]], ayat 22 e seguintes.</ref> Jesus teria anunciado várias vezes na [[Bíblia]] a chegada de [[Maomé]] como o último profeta.<ref>{{citar web|url= http://www.islam.com.br/Christanismo/jesus%20christo/jcvm25.htm |titulo=Jesus anuncia a vinda de Maomé|acessodata=[[30 de dezembro]] de 2008}}</ref> A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua [[morte]] e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, dos qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus<ref>Sura [[Al-i-Imran]], ayat 48 e sura [[An-Nisa]], ayat 156.</ref>. A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do [[Juízo Final]] <ref>Sura [[An-Nisa]], ayat 157 e sura [[Az-Zukhruf]], ayat 61</ref> e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era [[verdade]]ira<ref group=nota>Ou seja, que ele teria sido realmente enviada por Deus</ref>.
===A visita dos magos do Oriente===
 
É Mateus quem aborda a visita dos magos do Oriente no capítulo dois de seu Evangelho, os quais, segundo a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia.
 
   
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O Alcorão rejeita a [[Trindade (cristianismo)|trindade]], considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. <ref group=nota>A Trindade cria um problema para Maomé: o [[politeísmo]] contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos [[coliridianos]]). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio [[Concílio de Latrão]], que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim a há diferenças. ''Eles estão incrédulos dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. ... O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro''. (Sura [[Al-Ma'ida]], ayat 77 à 79)</ref><ref>Vermet, John. ''O Alcorão'', páginas 48, 49, 135, 146, 147.</ref>.
Segundo o relato do evangelista, os magos teriam chegado a [[Jerusalém]] seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa csa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incenso e mirra que são presentes valiosos.
 
   
===A fuga para o Egito===
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=== No judaísmo ===
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{{ver artigo principal|[[Yeshua]]}}
Também é no livro de Mateus que se encontra a notícia de que José, avisado em sonhos a respeitode um plano de Herodes para matar Jesus, foge com Maria e o menino para o [[Egito]].
 
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{{Mais informações|[[Yeshu ben Pantera]] e [[Judaísmo messiânico]]}}
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O [[judaísmo]] acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia<ref>{{referência a livro|autor=Sa'adiah ben Yosef Gaon |título=Book of the Articles of Faith and Doctrines of Dogma|ano=933}}</ref>. O judaísmo também sustenta que Jesus não é o [[messias]]<ref>{{citar web|url=http://www.askmoses.com/en/article/120,350/Why-don-t-Jews-believe-that-Jesus-was-the-messiah.html|titulo= Why do not Jews believe that Jesus was the messiah?|trabalho=AskMoses.com|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref> argumentando que ele não cumpriu as [[Profecias bíblicas|profecias messiânicas]] da [[Tanakh]] nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela [[Torá]] para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionado na Torá, que os [[rabino]]s afirmam que Jesus fez.<ref>{{citar web|url=http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/n_cre.html|titulo=Por que os judeus não acreditam em Jesus?|trabalho=Beit Chabad do Brasil|autor=Rabino Shraga Simmons|lingua= português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>
   
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O ''Mishneh Torá'', escrita por Maimônides (ou Rambam), considerado uma das obras da [[halakha|lei judaica]], diz que "''Jesus é um "obstáculo" quem faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus''". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica<ref>{{citar web|url=http://www.judaismo-iberico.org/an01.htm|titulo=Quem são os "judeus"-messiânicos?|trabalho=União Sefardita Hispano-Portuguesa de Beneficência |lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.uscj.org/Messianic_Jews_Not_J5480.html|titulo=Messianic Jews Are Not Jews|autor=Jonathan Waxman|trabalho=United Synagogue of Conservative Judaism|lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>. E quanto ao [[Judaísmo reformista]], o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um [[apóstata]]"<ref>{{citar web|url=http://www.faqs.org/faqs/judaism/FAQ/10-Reform/section-15.html|titulo=Reform's Position On...What is unacceptable practice?||lingua=inglês|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>.<ref group=nota>Um personagem chamado ''Yeishu'' (''Jeshu'' ou em [[língua hebraica|hebraico]]: ''יש"ו'') é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o [[Talmud|Talmud babilônico]], elaborado no início do [[século VII]], e da literatura [[Midrash]], elaborada entre os [[século III|séculos III]] e [[Século VIII|VIII]]. O nome é semelhante mas não idêntico à [[Yeshua]], que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em [[aramaico]]. Além disso, em vários manuscritos do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus à apostatar da sua religião.</ref>
===Retorno para Nazaré===
 
Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.
 
   
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=== No cristianismo ===
==Infância==
 
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{{ver artigos principais|[[Cristologia]] e [[Jesus Cristo]]}}
Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], Jesus teria passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes que queria matá-lo.
 
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A figura de Jesus de Nazaré é o centro da [[religião]] conhecida como [[cristão|cristã]], embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa.<ref group=nota>Levando em conta que o cristianismo está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de [[denominações cristãs]]. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas [[heresia]]s desde o início. </ref> De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato<ref group=nota>A ressurreição de Jesus de Nazaré é um dos únicos fato que distingue o cristianismo das outras [[religião|religiões]] gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eternos retornos, o cristianismo assume desde o início, um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura. Veja também o livro de Henry Puech, ''El tiempo en el cristianismo''</ref> e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir [[salvação]]<ref group=nota>Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da [[evolução]] natural, teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente ''caído''.</ref>. Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus. A [[ressurreição]] é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança [[soteriologia|soteriológica]]. Como ato, é exclusivo da [[deidade|divindade]] e indisponível homem. De forma mais precisa, a ''encarnação'', a ''[[morte]]'' e a ''ressurreição'' compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza<ref group=nota> A natureza de Deus ([[Eternidade|incriada]]) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo [[ontologia|ontológico]] da criação ''ex nihilo''</ref>, o pecado<ref group=nota>A necessidade do pecado é natual à natureza decaída do ser humano</ref>, e a [[morte]]<ref group=nota> Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).</ref>. Pela ''Encarnação do Verbo'', a natureza divina se faz humana<ref>Ver {{citar bíblia|livro=João|capítulo=1|verso=14}}</ref>. Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte.<ref>{{referência a livro|autor=Vladimir Lossky|título= Teología mística de la iglesia de oriente|lingua=espanhol}}</ref>
   
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Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no [[Concílio de Niceia|Concílio de Nicéia]], com a formulação de [[Credo niceno]]. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: [[Igreja Católica Apostólica Romana|católica]], [[Ortodoxia|ortodoxa]] e de várias [[Protestantismo|igrejas protestantes]].
No entanto, o relato de Mateus não informa quando que a família de Jesus teria deixado Belém e ido para o Egito e nem o momento em que retornaram.
 
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O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:
   
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{{Quote1|Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.<ref>{{citar web|url=http://www.monergismo.com/textos/credos/credoniceno.htm|título=O Credo Niceno|trabalho=Monergismo|lingua=português|acessodata=[[28 de Janeiro]] de 2009}}</ref>}}
O fato de Herodes ter mandado matar todas as crianças de Belém do sexo masculino de dois anos para baixo pode significar que, depois do nascimento de Jesus na manjedoura, José ainda teria permanecido por algum tempo nessa cidade esperando que o menino estivesse em condições para suportar uma viagem de volta à Galiléia.
 
   
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Existem, no entanto, igrejas não trinitárias que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus<ref group=nota>Veja os artigos [[Deus no cristianismo]] e [[Unitarianismo]].</ref>.
Também foi através de uma experiência sobrenatural, através de dois sonhos, que José foi avisado sobre a morte de Herodes. Primeiro José retorna para Israel e depois, evitando ir para a [[Judéia]], vai para a [[Galiléia]] e se estabelece em Nazaré.
 
   
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Jesus de Nazaré é também considerado a encarnação e filho de Deus, segunda pessoa da trindade cristã. É por filho por natureza, e não por [[adoção]], o que significa que sua divindade e sua humanidade são inseparáveis<ref group=nota>Veja o artigo [[União hipostática]].</ref>. A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no [[Concílio de Calcedónia]], nestes termos:
===Jesus no templo aos 12 anos===
 
[[Lucas]] diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a [[Jerusalém]], para a festa de [[Pessach]], a [[Páscoa]] judaica, e lá surpreendeu os doutores do Templo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes. (Lucas 2:46-47)
 
   
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{{Quote1|Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.<ref>{{citar web|url=http://www.cprf.co.uk/languages/chalcedon_portuguese.htm|titulo=Credo da Calcedônia|trabalho=Covenant Protestant Reformed Church|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>}}
Nesta ocasião demonstra plena consciência de sua missão quando ao ser interpelado por Maria sobre a preocupação causada e afirma cumprir a si ''"tratar dos negócios do seu Pai"'' (Lucas 2:49), ainda que não tenha sido José a mandá-lo ficar no templo com os ''doutores'' da [[lei mosaica]], referindo-se ao Pai celeste e não àqueles que o buscavam.
 
   
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==== Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias ====
Lucas sobre a infância de Jesus afirma que ''crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele'' (Lucas 2:40).
 
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{{Ver artigo principal|[[Disputas cristológicas]]}}
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Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do [[Concílio de Éfeso]] e do [[Concílio de Calcedónia]].
   
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* [[Nestorianismo]] variante doutrinal inspirado pelo pensamento de [[Nestório]], que possui uma denominação ativa hoje (a [[Igreja Assíria do Oriente]]). O centro de sua doutrina é a recusa a acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo [[Concílio de Éfeso]].
Jesus cresceu em Nazaré, visto que era chamado nazareno, e provavelmente, seguindo o costume da época, auxiliava José em seus trabalhos de [[carpintaria]], até este falecer.
 
   
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* [[Monofisismo]] é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo [[Eutiques]] e rejeitado no [[Concílio de Calcedónia]].
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==== Novos movimentos religiosos de origem cristã ====
   
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Vários movimentos religiosos cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.
==A desconhecida juventude de Jesus==
 
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* A '''[[Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias]]''' (conhecido como ''Mórmons'') crêem que Jesus oferece duas salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual.<ref>"Guía Para el Estudio de las Escrituras: Salvación | El Libro de Mormón". La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; pág. 184</ref> Os mórmons também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a [[América]] e continuou ali seus ensinamentos<ref> Terceiro livro de Nefi, capítulos 11 à 28 do ''Livro de Mormón''. La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; págs 518-559.</ref>
Os evangelhos canônicos não dão informações suficientes sobre como teria sido a vida de Jesus em sua juventude entre os seus 12 e 30 anos.
 
   
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* As '''[[Testemunhas de Jeová]]''' consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como “o [[Primogenitura|primogênito]] de toda a criação”, e também como “o primogênito dentre os mortos”, ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna"<ref>{{Citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050422/article_01.htm|titulo=Quem é Jesus Cristo?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>. Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade, nem foi ressuscitada por si próprio, mas Deus o levantou dos mortos<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/20050915/article_01.htm|titulo=Jesus Cristo: Deus ou homem?|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>. As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa [[cruz]]<ref>{{citar web|url=http://www.watchtower.org/t/19980315/article_01.htm|titulo=Recordação dos dias finais de Jesus na Terra|trabalho=Torre de Vigia|lingua=português|acessodata=[[18 de Outubro]] de 2008}}</ref>, mas numa [[estaca de tortura]], portanto, não usam a cruz ou qualquer outro símbolo. Outra característica importante é que Jesus se tornou rei do céu em [[1914]] e que desde então vivemos na período da [[Segunda vinda de Cristo]]. O [[Miguel (arcanjo)|arcanjo Miguel]] é considerado o próprio Jesus Cristo na sua posição celestial.
As duas hipóteses mais prováveis seria que Jesus teria trabalhado com seu pai na carpintaria e, após a morte de José, continuado a contribuir para o sustento da família.
 
   
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* A '''[[Igreja Adventista do Sétimo Dia]]''' enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma [[escatologia]] milenarista e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável.
Outra versão da tradição cristã supõe que Jesus teria sido pastor de ovelhas.
 
   
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Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação<ref group=nota>São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da [[Igreja da Unificação]], que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.</ref>.
   
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== Biografia de Jesus pelo Novo Testamento ==
==Vida Pública==
 
===Ministério===
 
[[Imagem:P52 recto.jpg|thumb|150px|[[Papiro P52]], o mais antigo manuscrito conhecido do [[Novo Testamento]], que contém um fragmento do [[Evangelho segundo João|Evangelho de João]]. Cerca de [[125]] [[d.C.]]]]
 
   
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Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos [[Evangelhos canônicos]]: [[Evangelho]]s de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]] e [[Evangelho segundo João|João]], pertencentes ao [[Novo Testamento]] da [[Bíblia]]. Os [[Evangelhos Apócrifos]] apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.
Jesus teria começado a revelar sua missão já aos doze anos, contudo saiu a pregar o que se tornariam as ''boas novas'' por volta dos trinta anos de idade. Foi [[João Batista]], o respeitado [[pregador]], que preparava o caminho para a pregação de Jesus que viria a seguir <small>[João 1:23-27]</small>, pregando o arrependimento e batizando os que aceitavam sua mensagem.
 
   
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Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os [[Atos dos Apóstolos]] contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de [[Paulo]] também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de [[Flávio Josefo|Josefo]]<ref group=nota>Seus relatos estão no livro ''[[Testimonium Flavianum]]'', que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus</ref>, que nasceu no ano [[37]] d.C.; nos de [[Plínio, o Moço]], que escreveu por volta do ano [[112]]; nos de [[Tácito]], que escreveu por volta de [[117]]; e nos de [[Suetônio]], que escreveu por volta do ano [[120]].
Apesar de [[João Batista]] afirmar ser indigno de desatar a correia da alparca de Jesus <small>[João 1:27]</small>, Jesus entendeu ser batizado no batismo de João; no dia seguinte ao ocorrido João novamente testifica a respeito de Jesus: ''"Eis aqui o Cordeiro de Deus".'' Por essa razão, dois dos discípulos de João passaram a seguir Jesus, sendo um dele [[Santo André|André]]. <small>[João 1:35-37,40]</small>
 
   
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<div align="center">
Os primeiros apóstolos a atenderem o chamado de Jesus foram: [[Santo André|André]], [[São Pedro|Simão Pedro]], [[Santiago Maior|Tiago]], [[São João Evangelista|João]] e [[Filipe (apóstolo)|Filipe]]. <small>[João 1:40-47 e Mateus 4:18-21]</small>
 
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{| class="collapsible collapsed wikitable" style="width:100%";
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! '''Sinopse dos principais eventos da vida de Jesus'''<ref>{{Referência a livro| autor =Angelico, Poppi| título = Sinossi quadriforme dei quattro vangeli | idioma =italiano | editora = EMP | ano = 1992 |páginas = 576 | id = ISBN 9788825017816}}</ref>
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| {{Vida de Jesus}}
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|}
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</div>
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=== Genealogia ===
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[[Imagem:Leonardo da Vinci 052.jpg|175px|thumb|right|A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por [[Leonardo da Vinci]], [[1475]], Galleria degli Uffizi, [[Florença]]]]
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Há duas apresentações nos [[Evangelho]]s sobre a genealogia de Jesus. Uma delas está logo no começo do livro de [[Mateus]] ({{Citar bíblia|livro = Mateus| capítulo = 1|verso = 1-17}}) e se refere à linhagem real de Jesus por intermédio de [[São José|José]], apresentando-o como descendente do [[Rei Davi]]. A outra encontra-se registrada por [[Lucas]] ({{citar bíblia|livro = Lucas| capítulo = 3| verso = 23-38}}) e fala da linhagem de [[Maria, mãe de Jesus|Maria]], que também descende de Davi.
   
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Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por [[Abraão]]. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram [[Livro de Rute|Rute]], [[Raabe]] e [[Tamar]]. Também não omite os nomes dos perversos [[Manassés]] e [[Abias]], ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o [[cativeiro babilônico]], ocorrido em [[586 a.C.]], e do exílio judaico até Jesus.
Convidado a ver aquele que havia de vir, Jesus encontra a [[São Bartolomeu|Natanael]] (que alguns estudiosos afirmam ser o mesmo Bartolomeu), e a quem Jesus chamou de ''verdadeiro israelita, em quem não se encontrava dolo''. <small>[João 1:47]</small>
 
   
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Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus a partir de sua mãe, retrocedendo continuamente até [[Adão]], talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus<ref>Para analisar as diferenças entre as genealogias de Marcos e Mateus, veja Darrell L. Bock, ''Lucas''. Grand Rapids: Baker, 1994. páginas 918-923.</ref>.
É certo que além deles, muitos seguiam a Jesus, contudo Jesus escolheu doze para serem seus discípulos, sendo agregado ao grupo dos mais próximos: [[Santiago Menor|Tiago Menor]], [[Judas Iscariotes]], [[Judas Tadeu]], [[Mateus (evangelista)|Mateus]], [[Simão, o Zelote|Simão]] e [[São Tomé (apóstolo)|Tomé]].
 
   
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===Nascimento===
Jesus desenvolveu na Galiléia a maior parte do seu ministério. Mas esteve também na Samaria, em Jerusalém e em outros pontos do norte da Galiléia.
 
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[[Imagem:Fra Angelico Adoration.jpg|175px|thumb|A adoração de Cristo, [[Fra Angélico]] e [[Filippo Lippi]], [[National Gallery of Art]], [[Washington]]]]
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{{ver artigo principal|[[Nascimento de Jesus]]}}
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{{Mais informações|[[Três Reis Magos]]}}
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De acordo com o relato de Lucas, na época do rei [[Herodes]] o sacerdote [[Zacarias (Pai de João)|Zacarias]], esposo de [[Isabel (Mãe de João)|Isabel]] — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de [[João Baptista]] através do [[anjo]] [[Gabriel]].
   
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No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a [[Virgem Maria|Maria]] na cidade de [[Nazaré (Israel)|Nazaré]], a qual era virgem e noiva de [[São José|José]], e anuncia que ela viria a conceber do [[Espírito Santo]] e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o [[Messias]] e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo o revelou a vontade de [[Deus, o Pai|Deus]], e aceitando-a, recebeu Maria como esposa.
Anunciava o reino de Deus e afirmava ser ele o próprio filho de Deus (o que não foi aceito pelos líderes religiosos judaicos, que conspiraram a sua crucificação), e também afirmava ter o poder de perdoar pecados.
 
   
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Segundo Mateus, o imperador [[Otávio Augusto]] teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus.
Segundo a Bíblia, realizou inúmeros milagres e instruiu a todos em um novo ensino dizendo que o caminho para a vida eterna não era uma trajetória, mas sim uma pessoa (ele mesmo). <small>[[João 14:6]]</small>
 
   
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Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado ao templo por sua família para ser [[Circuncisão|circuncidado]], quando foi abençoado por [[Simeão (Novo Testamento)|Simeão]] e [[Ana (filha de Fanuel)|Ana]].
Tratava os não-judeus com a mesma benevolência que dedicava aos judeus. Muitos dos seus ensinamentos encontram-se no [[Sermão da Montanha]], transcritos por Mateus capítulos 5, 6 e 7.
 
   
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Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria recebido a visita dos [[mago]]s do [[oriente]], os quais, segundo a tradição natalina, seriam [[Três Reis Magos|três reis]] da [[Pérsia]]. Os magos teriam chegado a [[Jerusalém]] seguindo a trajetória de uma [[Estrela de Belém|estrela]] que anunciaria a vinda do [[Messias]] ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram [[ouro]], [[incenso]] e [[mirra]] representando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar aquele que lhe iria tomar o [[trono]]. Tal notícia teria chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o [[Egito]]. Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de [[Nazaré]].
Os mestres da [[Galiléia]] não confiavam em Jesus, porque ele não evitava os pecadores. Também o temiam porque parecia modificar certas práticas estabelecidas.
 
   
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=== Infância e juventude ===
Seus discípulos acreditavam que ele era o [[Messias]]. Quando Jesus lhes perguntou quem pensavam que ele era, Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" <small>[Mateus 16:16]</small>. Afirmação a qual não foi repreendida, mas elogiada por Jesus como divina revelação.
 
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[[Imagem:Sir John Everett Millais 002.jpg|150px||thumb|[[John Everett Millais]], ''Gesù nella casa dei suoi genitori'', [[1850]].]]
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Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], Jesus teria passado o começo de sua infância no [[Egito]] até a morte do rei [[Herodes, o Grande|Herodes]], que queria matá-lo.
   
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Em virtude da lacuna deixada pelos [[Evangelho canônico|Evangelhos Canônicos]], o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita do [[século I]], conhecido como "''A Infância do Senhor Jesus''", também denominado como o [[Evangelho Pseudo-Tomé|Evangelho do Pseudo-Tomé]], um antigo manuscrito [[Livros apócrifos|apócrifo]] escrito em [[Siríaco]]. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos dos [[século II]] ao [[Século IV|IV]], diversos das raízes tradicionais cristãs.
Pouco depois, Pedro, Tiago e João tiveram uma visão de Jesus conversando com [[Elias]] e [[Moisés]], tidos como seus precursores.
 
   
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Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, [[Lucas]] diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a [[Jerusalém]], para a festa de ''[[Pessach]]'', a [[Páscoa]] judaica, e lá surpreendeu os doutores do [[Segundo Templo|Templo]] pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes. <ref>{{Citar bíblia|livro = Lucas|capítulo = 2|verso = 46-47}}</ref>
===Ensinamentos===
 
   
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=== Batismo e tentação ===
Com freqüência, Jesus explicava sua doutrina através de parábolas, histórias breves que encerravam ensinamentos. A parábola sobre o Filho Pródigo (Lucas 15:11-32), por exemplo, fala da grande alegria de um pai quando vê retornar à casa um filho que saíra a correr mundo. Jesus usou esta parábola para mostrar o amor e o perdão de Deus aos pecadores que se arrependem. Os Evangelhos mencionam cerca de 70 parábolas.
 
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[[Imagem:Ary Scheffer - The Temptation of Christ (1854).jpg|thumb|right|125px|''Tentação de Cristo'' por [[Ary Scheffer]], pintura do século XIX.]]
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Todos os três [[Evangelhos sinóticos]] descrevem o batismo de Jesus por [[João Batista]]<ref> Em Mateus: {{Citar bíblia|livro=Mateus |capítulo= 3| verso=13-17}}, em Marcos: {{Citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=9-13}} e em Lucas {{citar bíblia|livro =Lucas|capítulo= 3|verso=20-23}}</ref>, e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o [[rio Jordão]] onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.
   
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Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "''Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça.''" ({{Citar bíblia|livro= Mateus|capítulo =3|verso=15}}). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "''viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.''" ({{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=10–11}}). O [[Evangelho segundo João|Evangelho de João]] não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.
Muito do que Jesus ensinou já fazia parte da da [[Antigo Testamento|Bíblia Hebraica]] (judaica), e acrescentou ensinamentos novos que posteriormente foi denominado de "graça". Ele pregava que Deus estava preparando a Terra para um novo estado de coisas, e quem quisesse herdar o reino dos céus teria de nascer de novo. Dizia ser ele o enviado, o [[Messias]], do Pai para anunciar esse reino.
 
   
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Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde [[jejum|jejuou]] durante quarenta dias e quarenta noites<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–2}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12}}</ref>. Durante esse tempo, o [[diabo]] lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das [[bíblia|escrituras]]<ref>As citações são: {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=13}}, {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=6|verso=16}} e {{citar bíblia|livro= Deuteronômio |capítulo=8|verso=3}}</ref>. Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=4|verso=1–11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=1|verso=12–13}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=1–113}}</ref>
Combatia o pecado, especialmente a hipocrisia e a crueldade para com os fracos. Sentava à mesa com pecadores e por isso foi muito criticado pelos fariseus. Estava sempre disposto a perdoar, mesmo antes que as pessoas se mostrassem arrependidas. Para Jesus, o poder de Deus era maior que o pecado, e ele ensinava que o arrependimento e a fé podiam salvar os homens.
 
   
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===Ministério ===
As curas também são relatadas, pelos ensinos bíblicos; e não estabeleceu uma fórmula milagrosa que curasse, senão a fé. Curou cegos, coxos, paralíticos, corcundas e a Lázaro ressuscitou.
 
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[[Imagem:Bloch-SermonOnTheMount.jpg|150px|thumb|O [[Sermão da Montanha]], [[Carl Heinrich Bloch]], [[Copenhagen]], séc. XIX.]]
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Os evangelhos narram que Jesus, o messias, veio para "''dar a sua vida em favor de muitos''" e "''anunciar as boas novas do reino de [[Deus]]''".<ref>{{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=10|verso=45}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=4|verso=43}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=20|verso=31}}.</ref> Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como [[Lázaro]])<ref>{{citar bíblia|livro=João|capítulo=11|verso=1–44}}, {{citar bíblia|livro =Mateus|capítulo=9|verso=25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=7|verso=15}}</ref>.
   
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O evangelho de João descreve três ''[[Pessach]]s'' durante o ministério de Jesus, e isso implica em dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês,<ref>{{referência a livro|autor= John P. Meier|título=Um Judeu Marginal|subtítulo= Repensando Jesus Histórico|editora=Imago |ano= 1992|páginas=483 |edição=3º|idioma=português|id= ISBN 8531202833}}</ref> apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano<ref>"The Thompson Chain-Reference Study Bible NIV," 1999, B.B. Kirkbride Bible Co.</ref><ref>William Adler & Paul Tuffin, "The Chronography of George Synkellos: A Byzantine Chronicle of Universal History from the Creation," Oxford University Press (2002), p. 466</ref>. Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de [[Cafarnaum]] uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a [[Tiberíades]] pelo [[Mar da Galiléia]]. Esteve também em cidades como [[Samaria]], na [[Judéia]] e sobretudo em [[Jerusalém]] logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por [[Tiro]] e por [[Sidom]], cidades da [[Fenícia]].
Aos seus seguidores, Jesus oferecia normas de vida por vezes mais dura de cumprir que a própria lei judaica. Ele ensinava as pessoas a amarem a Deus e aos seus semelhantes com toda a força de seus corações e de suas mentes. Frisava que cada pessoa deveria tratar as outras como gostaria de ser tratada por elas. Ensinava: "A quem te esbofetear a face direita, oferece também a esquerda'' (Mateus 5:39).
 
   
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Em suas pregações, Jesus anunciava o [[reino de Deus]] e afirmava ser ele o próprio [[Filho de Deus]]. Também afirmava ter o poder de perdoar [[pecado]]s.
Em uma época e em uma região em que vigorava a chamada [[Lei do Talião]] - "olho por olho, dente por dente" - Jesus pregava o perdão entre os seres humanos. Isso pode ser considerado uma verdadeira revolução, a medida em que subvertia todo o conceito de justiça pessoal e social então predominante.
 
   
===Milagres===
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====A transfiguração====
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{{principal|Transfiguração (cristianismo)}}
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De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — [[São Pedro|Pedro]], [[São João|João]] e [[Tiago]] — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]], seu rosto brilhava como o [[sol]] e as suas roupas resplandeciam, então [[Elias]] e [[Moisés]] apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "''Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi''".
   
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Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.
Os Evangelhos falam de 35 milagres de Jesus, e que o fazia notável e as multidões sempre o procuravam. O primeiro teria sido em [[Caná]], durante uma [[As Bodas de Caná|festa de casamento]], quando Jesus transformou água em vinho. Pouco depois, no lago de [[Genesaré]], teria feito com que Simão e Pedro pescassem em sua rede tantos peixes que o barco ameaçou afundar.
 
   
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===A paixão===
Noutra ocasião, registra a Bílblia que Jesus abençoou cinco pães e dois peixes, que puderam ser repartidos entre mais de cinco mil homens, mulheres e crianças, recebendo cada qual o suficiente para comer; e depois, do sobejo, foram recolhidos muitos pães. E, em outra ocasião, Jesus teria deixado perplexos os discípulos, ao caminhar sobre as águas do mar durante uma tempestade.
 
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====A entrada triunfal em Jerusalém ====
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Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a [[Jerusalém]] para celebrar ali a festa da páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um [[jumento]]<ref group=nota>Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "''Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.''" {{citar bíblia|livro=Zacarias|capítulo=9|verso=9}}</ref>. Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi"<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=21|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=1-11}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=28-40}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=12|verso=12-19}}. </ref>. Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.
   
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Segundo [[Lucas]], alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "''Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão''" ({{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=19|verso=40}}).
Muitas histórias dos Evangelhos falam de Jesus curando cegos e doentes. João conta como Jesus trouxe de volta à vida o seu amigo [[Lázaro]], que estava morto e sepultado havia quatro dias. Acreditavam que Jesus usava os seus dons especiais para demonstrar o amor e a misericórdia de Deus.
 
   
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====Ceia anterior à crucificação====
==A Paixão==
 
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[[Imagem:Leonardo da Vinci (1452-1519) - The Last Supper (1495-1498).jpg|thumb|180px|''A Última Ceia'', de [[Leonardo da Vinci]], 1495-1497]]
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Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "''A Última Ceia''". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, [[Judas Iscariotes]]. Ao servir o pão, ele disse: "''Tomai e comei, este é o meu corpo''", logo após, pegou um cálice e disse: "''bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados''".<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=26-29}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=22-25}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=19-20}}. Para os cristãos, tal gesto deu origem à tradição da eucaristia</ref>
   
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O [[Evangelho segundo João]] oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a [[Oração Sumo Sacerdotal de Cristo|oração sacerdotal]].
Os últimos momentos da vida de Jesus representam o que os cristãos chamam de Paixão, onde seu sofrimento por toda a humanidade, como um cordeiro entregue pelos pecados do povo, um sacrifício vicário, seria consumado.
 
   
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====A prisão====
No contexto político, Jesus fizera muitos inimigos em [[Jerusalém]], por causa de sua pregação, e os fariseus e saduceus procuravam ocasião para matá-lo.
 
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Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de [[Getsêmani]], na encosta do monte das [[Oliveira]]s, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.
   
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Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=14-16}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=11|verso=10-11}} e {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=3-6}}</ref> Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=26|verso=47-56}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=14|verso=43-52}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=22|verso=47-53}} e {{citar bíblia|livro=João|capítulo=18|verso=2-12}}.</ref><ref group=nota>O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma coorte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega</ref>.
Antes de sua morte, anunciou aos seus discípulos, e salientou que iria ao Pai, e que enviaria outro Consolador, o Espírito Santo. (João 15:26 - 16:7 - 14:16-17)
 
   
===A Última Ceia===
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====O julgamento====
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[[Imagem:Eccehomo1.jpg|thumb|right|150px|''[[Ecce Homo]] ("Eis o homem"!)'', [[Pôncio Pilatos]] ao apresentar [[Jesus Cristo]] aos [[judeus]]. Obra do pintor italiano [[Antonio Ciseri]] (1821-1891)]]
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Os soldados levaram Jesus para a casa do [[Sumo Sacerdote de Israel|Sumo Sacerdote]]. A lei judaica não permitia que o [[Sinédrio]], a suprema corte judaica, se reunisse durante o ''Pessach'' e condenasse um homem à morte durante a noite. Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo. Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era, e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.
   
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Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de [[Pôncio Pilatos]], que então governava a província romana da Judéia. Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era [[Galileia|galileu]], Pilatos enviou-o a [[Herodes Antipas]] — filho de [[Herodes, o Grande]] — que governava a Galiléia. Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.
Jesus chegou a [[Jerusalém]] para a semana da [[pessach|Páscoa judaica]]. No domingo, fez uma entrada triunfal na cidade, chamando a atenção dos moradores da cidade. O povo acreditando nele como o Filho de Deus o aplaudia e cobria seu caminho com panos e ramos de palmeira.
 
   
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Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do ''Pessach''. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome [[Barrabás]], na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. Pilatos condenou então Jesus a morrer na cruz. A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.
===Os distúrbios que Jesus provocou no Templo de Jerusalém===
 
[[Imagem:Jerusalen siglo primero.jpg|thumb|350px|<small>Maquete da cidade de [[Jerusalém]] , [[1]]°[[século]].</small>]]
 
No [[templo de Jerusalém]] em tempo de [[Pessach]], os Judeus traziam oferendas para a casa de Deus. As oferendas, ([[Korban]]) eram feitas em espécie, sobretudo na forma de animais, ou em dinheiro. Os sacerdotes do templo recebiam as ofertas, que eram em parte queimadas (para Deus), a parte restante sendo redistribuída entre a classe dos sacerdotes e entre os pobres. Alguns Judeus traziam animais, outros compravam-nos à entrada do templo, onde vendedores os serviam. Juntamente com estes vendedores à entrada do templo havia cambistas, pessoas que trocavam moedas gregas e romanas em moedas judaicas, as únicas que eram aceitas pelos sacerdotes do templo, aparentemente porque no templo, um lugar simbólico do Judaísmo, não deveriam circular moedas onde figurassem deuses e imperadores estrangeiros (romanos ou gregos). O templo de Jerusalém era na época um lugar sagrado do Judaísmo, como hoje Meca e Medina são lugares sagrados do Islão.
 
   
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====A crucificação====
A troca de dinheiro dos conquistadores estrangeiros, a moeda forte, como hoje em muitos países é o dólar, pelo dinheiro local judeu para possibilitar a realização de uma tradição judaica devia tornar evidente aos olhos dos judeus compatriotas de Jesus, o quanto o sistema político e económico imposto pelos romanos "corrompia" a religião judaica. Era evidente que o sistema religioso, as famílias judaicas (a casta dos [[saduceus]] que se tinham "arranjado" com a nação ocupante), viviam à custa de dinheiro "sujo", branqueado por estes cambistas{{necessita fonte}}.
 
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[[Imagem:Cristo crucificado.jpg|thumb|150px|[[Diego Velázquez]], ''Cristo crucificado'', [[1631]].]]
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Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "''Salve o Rei dos Judeus''"<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=26-31}} e {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=15-20}}</ref>. A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado gólgota<ref group=nota>Em [[língua aramaica|aramaico]] Gólgota significa "''Lugar das caveiras''".</ref>. Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome [[Simão Cireneu]], que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.
   
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Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "''[[INRI|Iesus Nazarenus Rex Iudeorum]]''"<ref group=nota name=INRI/>. Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=27|verso=32-44}}, {{citar bíblia|livro=Marcos|capítulo=15|verso=21-32}}, {{citar bíblia|livro=Lucas|capítulo=23|verso=26-43}}, {{citar bíblia|livro=João|capítulo=19|verso=16-24}}.</ref><ref group=nota> João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.</ref>. Antes de morrer, Jesus exclamou: "''Elí, Elí, lemá sabactani''" que traduzido seria "''Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?''" ({{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo= 27|verso=46}}). Depois de três horas, Jesus morreu. [[José de Arimatéia]] e [[Nicodemos]] depuseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.
Ao protestar contra os cambistas do templo, Jesus estaria a mostrar aos seus contemporâneos em que medida o sistema político e económico imposto pela nação invasora corrompia a verdadeira religião judaica. Este tipo de protestos não era novo. Sabemos pelo relato de [[Flávio Josefo]] que poucos anos antes, [[Pôncio Pilatos]] se apropriou dos fundos do templo para a construção de um aqueduto, causando a ira e o protesto de muitos Judeus, protestos que foram abafados violentamente pela acção de um grupo para-militar às ordens de Pilatos.
 
   
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===A ressurreição===
Os evangelhos relatam como Jesus provocou desacatos à ordem pública, voltando as mesas dos comerciantes de moedas, protestando vivamente. Foi um acto de violência física único na vida de Jesus e que por isso tem causado muitas dificuldades à interpretação oficial das Igrejas Cristãs, que preferem não dar muita importância ao evento. Todavia há que salientar que foi este evento, observado de perto pelas autoridades romanas e pelos sacerdotes do templo, que iria desencadear a perseguição, o julgamento e finalmente a sua condenação à morte.
 
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[[Imagem:Rafael - ressureicaocristo01.jpg|thumb|150px|A ressurreição de Cristo, por [[Raffaello Sanzio]], [[1500]]. [[MASP]]]]
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Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, [[Maria Madalena]] foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de [[Emaús]].
   
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Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.
A Igreja católica tentou por muito tempo interpretar este acto violento de Jesus como justificado com base numa crítica à actividade comercial em geral. Esta a visão anti-comercial e anti-capitalista que prevaleceu na [[Idade Média]] (Ver [[Sociologia da religião#Do Judaísmo para o Cristianismo]]). "Jesus disse que a casa de Deus era lugar de oração e não de comércio".
 
   
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Segundo o [[Evangelho segundo Mateus|Evangelho de Mateus]], a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:
Outra interpretação possível e conveniente à Igreja Católica é a possibilidade de Jesus ter protestado contra este comércio porque ele teria supostamente querido uma abertura do Templo aos não Judeus
 
Durante os dias seguintes, Jesus passou boa parte do tempo pregando em Jerusalém. No tempo restante, ele meditava e orava em [[Betânia]], a leste da cidade. Na quinta-feira à noite, participou da [[Última Ceia]], com os doze apóstolos, em Jerusalém. Três dos Evangelhos afirmam ser aquela a ceia da Páscoa. Nessa ocasião, Jesus disse aos apóstolos que um deles haveria de trai-lo, e prometeu que os encontraria de novo no Reino de Deus. Ao servir o pão e o vinho, disse: "Este é o meu corpo" e ''Este é o meu sangue". Essa ceia deu origem à comunhão cristã.
 
   
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{{quote2|''E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos.''|([[Evangelho segundo Mateus|Mateus]], 28:2-4}}
===O Julgamento===
 
   
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Nesta mesma fonte histórica, isto é, no Evangelho de Mateus, é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias estivessem dormindo <ref>(Mateus 28:12-15)</ref>.
Mais tarde, na mesma noite, Jesus foi para o jardim de [[Getsêmani]], na encosta do monte das [[Oliveira]]s, em frente ao Templo. Três discípulos - Pedro, Tiago e João - faziam-lhe companhia, mas logo adormeceram. Jesus orou em agonia espiritual, mas submeteu-se à vontade de Deus. Um pelotão de homens armados chegou ao jardim para prender Jesus enquanto ele orava. Judas Iscariotes, um dos apóstolos, indicou quem ele era com um beijo. Judas havia traído o Mestre por 30 moedas de prata. Mateus conta que, depois disso, Judas enforcou-se.
 
   
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Além dos quatro Evangelhos e do livro de [[Atos|Atos dos Apóstolos]], há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento bíblico, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua [[I Coríntios|primeira epístola aos coríntios]], escrita por volta do ano [[55]] da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registradas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente [[Santiago Menor|Tiago]], o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.
Os soldados levaram Jesus para a casa do supremo sacerdote. A lei judaica não permitia que o [[Sinédrio]], a suprema corte judaica, se reunisse durante o Pessach e condenasse um homem à morte durante a noite. Mas alguns membros do Sinédrio resolveram interrogar Jesus de qualquer modo. Primeiro o acusaram de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo. Por fim, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era, e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.
 
   
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===A ascensão===
Na manhã de sexta-feira, os líderes judeus levaram Jesus à presença de [[Pôncio Pilatos]], que então governava a província romana da Judéia. Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a [[Herodes Antipas]] - filho de [[Herodes, o Grande]] - que governava a Galiléia. Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.
 
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[[Imagem:Wga Garofalo Ascension of Christ.jpg|thumb|150px|[[Garofalo]]: ''Ascensão de Cristo'', 1510-20.]]
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{{principal|Ascensão de Jesus}}
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A [[ascensão]] de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.
   
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Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma nuvem.
Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome [[Barrabás]], na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. Pilatos condenou então Jesus a morrer na cruz. A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.
 
   
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Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento, informando ter sido em [[Betânia]] que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado para o céu (Lucas 24:50-52).
===A Crucificação===
 
   
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Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:
[[Imagem:William-Adolphe Bouguereau (1825-1905) - The Flagellation of Our Lord Jesus Christ (1880).jpg|thumb|right|230px|O flagelo de Cristo; pintura de [[William-Adolphe Bouguereau]] (1825-1905)]]
 
Os soldados romanos zombaram de Jesus por considerar-se rei dos Judeus. Vestiram-no com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e, na mão, uma vara de bambu. A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, como um criminoso. Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome [[Simão Cireneu]], que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.
 
   
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{{quote2|''Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir''|[[Atos]], 1:11}}
Os romanos pregaram Jesus na cruz fora da cidade, num monte chamado Gólgota ou Calvário. João conta que escreveram, no alto da cruz, a frase latina ''Iesus Nazarenus Rex Iudeorum'', que significa Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus. Essa inscrição foi também feita em grego e em hebraico. Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões. Antes de morrer, Jesus disse: "Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem" (Lucas 23:24). Durante, ele clamou: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46) Estudiosos fazem referência a essa citação ao cumprimento do que está profetizado no Salmo 22, visto que essa frase tratava-se do primeiro verso deste capítulo, e era um costume judaico salmodiar segundo as circunstâncias, o que possivelmente Jesus teria feito. Depois de três horas, Jesus morreu. [[José de Arimatéia]] e [[Nicodemos]] depuseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.
 
   
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Diferente da ocasião da dramática morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.
===A Ressurreição===
 
   
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Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).
Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, [[Maria Madalena]] foi ao túmulo de Jesus. Encontrou a pedra fora do lugar e o túmulo vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de [[Emaús]]. Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia.
 
   
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Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento bíblico trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em [[Patmos]] e recebe a missão de escrever o [[Apocalipse de São João|Apocalipse]].
==O apóstolo Paulo==
 
 
Segundo os textos bíblicos, principalmente o livro de Atos dos Apóstolos, [[Paulo de Tarso]], anteriormente chamado Saulo , foi um dos principais difusores da mensagem de Jesus Cristo pelo mundo afora, por intermédio das [[Epístolas paulinas]]. Ele era judeu, cidadão romano, e terrível perseguidor dos primeiros cristãos, antes de ter um encontro com Jesus - ou ressuscitado para os católicos e evangélicos, ou materializado para os espiritualistas - no caminho de [[Jerusalém]] para [[Damasco]]. Neste encontro, o livro de Atos conta que um intenso resplendor de luz acabou deixando-o cego durante três dias. Após ter sua visão restaurada milagrosamente, e convencido de que Jesus era realmente o [[Cristo]], foi batizado e passou a pregar o evangelho aos judeus e gentios (não-judeus), realizando diversas viagens em sua empreitada missionária.
 
   
 
== Supostas relíquias de Jesus ==
 
== Supostas relíquias de Jesus ==
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[[Imagem:Shroud positive negative compare.jpg|125px|thumb|Detalhes do [[Santo Sudário|Sudário]]: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.]]
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{{ver artigos principais|[[Prepúcio Sagrado]], [[Santo Graal]] e [[Santo Sudário]]}}
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Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos [[protestante]]s, existem muitas [[relíquia]]s atribuídas a Jesus. É provável que muitas (se não todas) dessas relíquias sejam falsificações medievais<ref>{{citar web|url= http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/falsificacoes.html|titulo=Falsificações| trabalho=Portal do Espírito |autor= Paulo da Silva Neto Sobrinho|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_milagre_da_multiplicacao_de_reliquias_5.html|titulo=O milagre da multiplicação de relíquias| trabalho=História Viva|autor=Paul-Eric Blanrue|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url=http://ceticismoeciencia.com/religiao/a-falsificacao-do-sudario-de-turim/ |titulo=A falsificação do Sudário de Turim | trabalho=Ceticismo, Ciência e Tecnologia|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>.
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Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida<ref> De acordo com muitos, o Sudário é provavelmente o mais estudado do mundo. Ver, por exemplo, [http://www.cicap.org/new/articolo.php?id=100420 "Sudário de Turim'], da ''Enciclopédia da CICAP''.</ref> relíquia de Jesus é o [[Sudário de Turim|Sudário]] (σινδών, ''sindón'', que significa "pano" em [[língua grega|grego]]), atualmente armazenados em [[Turim]] e de posse pessoal do [[Papa]]. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de [[linho]] e mede 442 x 113cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a corroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um [[filme fotográfico]]<ref group=nota>Alguns têm falado do Sudário como uma foto [[Polaroid]] da ressurreição. </ref>. Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo [[Sistema ABO|AB]].
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As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de [[sangue]], uma [[costela]] e os restos da circuncisão de Jesus - o [[Prepúcio Sagrado|Santo prepúcio]]) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as [[Cruz|lascas da cruz]], a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz<ref group=nota name=INRI>Esta seria a inscrição que [[Pilatos]] teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (''ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων''), em latim (''IESVS·NAZARENVS·REX·IVDÆORVM'') e em hebraico: (''ישוע הנצרי ומלך היהודים'') e a sua tradução seria: ''Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus''.</ref> e taça que ele teria usado na última ceia (o [[Santo Graal]]).
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== Jesus na ficção e na arte ==
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=== Na arte ===
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[[Imagem:Cefalu Christus Pantokrator cropped.jpg|thumb|200px|Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de [[Cefalù]].]]
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Num primeiro momento, a [[arte sacra|arte do cristianismo]] evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o [[monograma]] formado pelas letras gregas [[Χ]] y [[Ρ]], iniciais do nome grego Χριστός ([[Cristo]]), a união as vezes de [[Α]] y [[Ω]], primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», [[acróstico]] de ''Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ'' (''Iesous Khristos Theos uios Soter''; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um [[cordeiro]] ([[Agnus Dei|o Cordeiro de Deus]]); e também em símbolos antropomórficos, como o [[pastor|Bom Pastor]].
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Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, e a partir do [[século IV]] foi representado quase exclusivamente com barba. Na [[arte bizantina]] se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na [[Europa]] [[Idade Média|medieval]].
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=== Na literatura ===
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Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:
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*[[Mikhail Bulgakov]]: ''[[O Mestre e Margarida]]'' (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).
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*[[Robert Graves]]: ''Rei Jesus'' (1947).
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*[[Níkos Kazantzákis]]: ''Cristo Crucificado'' (1948) e ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1951), no qual se basearia [[Martin Scorsese]] para filmar o filme homônimo.
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*[[Fulton Oursler]]: ''A Maior História Jamais Contada'' (1949). No qual se baseou o filme de [[George Stevens]].
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*[[José Saramago]]: ''O Evangelho segundo Jesus Cristo'' (1991).
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*[[Norman Mailer]]: ''O Evangelho segundo o Filho'' (1997).
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*[[Fernando Sánchez Dragó]]: ''Carta de Jesus ao Papa'' (2001).
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O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.
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*[[Mirza Ghulam Ahmad]]: ''Jesus na Índia'' 1899
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*[[Juan José Benítez]]: ''[[Operação Cavalo de Tróia]]'' (1984-2006; saga de vários volumes).
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*[[Dan Brown]]: ''[[O Código da Vinci]]'' (2003)
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=== No cinema ===
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A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no [[cinema]]. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi ''La vie et la passion de Jésus-Christ'' de Georges Hatot y Louis Lumière<ref>{{imdb|0222481|La vie et la passion de Jésus-Christ}}</ref>. No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi ''[[The King of Kings (1927)|O Rei dos Reis]]'' ([[1927]]) de [[Cecil B. DeMille]].
   
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O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollwood ''[[King of Kings (1961)|O Rei dos Reis]]'' ([[Nicholas Ray]], [[1961]]) até as visões mais austeras de cineastas como [[Pier Paolo Pasolini]] (''[[Il vangelo secondo Matteo]]'', [[1964]]). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como [[Luis Buñuel|Buñuel]] (''Nazarín'', 1958), y [[Carl Theodor Dreyer|Dreyer]] (''Ordet'', 1954).
*Ver [[Prepúcio Sagrado]], [[Santo Sudário]]
 
   
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Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de ''[[A Última Tentação de Cristo]]'' (1988), de [[Martin Scorsese]], baseado no romance homônimo de [[Nikos Kazantzakis]], muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de [[Mel Gibson]], ''[[The Passion of the Christ|A Paixão de Cristo]]'' (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica<ref>{{citar web|url= http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u41733.shtml|titulo=Versão de Mel Gibson para "Paixão de Cristo" revolta religiosos| trabalho=Folha online|autor=Paoula Abou-Jaquode|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref><ref>{{citar web|url= http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2004/02/040224_cristorg.shtml|titulo=Polêmico filme de Mel Gibson sobre Cristo estréia nos EUA| trabalho=BBC Brasil|autor=Angela Pimenta|lingua=português|acessodata=[[24 de Outubro]] de 2008}}</ref>.
São reliquias sob custódia da Igreja Católica Apostólica Romana que, supostamente, teriam relação direta com Jesus (o Prepúcio Sagrado seria a pele retirada no ato de sua [[circuncisão]] e o Santo Sudário seria o pano que envolveu seu corpo depois de sua crucifixão).
 
   
  +
A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos<ref group=nota>Veja também o anexo [[Anexo:Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão|Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão]]</ref>. Não faltam, por exemplo, interpretações satíricas da figura do criador do [[cristianismo]], como ''[[Life of Brian|A Vida de Brian]]'' ([[Terry Jones]], 1979). Musicais, como o célebre ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'' (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como ''The Miracle Maker'' (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).
== Nomes títulos de Jesus ==
 
   
  +
=== No teatro ===
* ''[[Yeshua]]'', nome original, é diminutivo de ''Yehoshua'', "Josué".
 
  +
A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da [[Broadway]] e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical ''[[Jesus Christ Superstar|Jesus Cristo Superstar]]'', uma ópera de rock com músicas de [[Andrew Lloyd Webber]] e arranjos de [[Tim Rice]], representada pela primeira vez em [[1970]], e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta<ref>{{citar web|url=http://www.jesuscristosuperstar.pt/sinopse.htm|titulo= Jesus Cristo Superstar - Sinopse|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}}</ref>. Também se destaca a peça ''[[Godspell]]'', com música de ''Stephen Schartz'' e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em [[1970]]<ref>{{citar web|url=http://www2.uol.com.br/shoppingmusic/julho99/foradeserie.htm|titulo=Godspell|lingua=português|acessodata=[[19 de Outubro]] de 2008}} </ref>.
* Raiz de David
 
* Leão da Tribo de Judá (Yehudah)
 
* Príncipe da Paz
 
* Pedra Angular
 
* Cordeiro de Deus
 
* Pão da Vida
 
* Fiel e Verdadeiro
 
* Filho do Homem
 
* Estrela da Manhã
 
* Rosa de [[Sarom]]
 
* Alfa e o Ômega ([[Aleph]] e o Tav / no original), "Princípio e Fim" (considera-se que se aplica ao Messias, embora possa ser aplicado a Deus)
 
* Rei dos Reis
 
* Senhor dos Senhores
 
* O Messias (Ha-Mashiach)
 
* O Filho de Deus (diversas interpretações)
 
* O amado de todas as nações
 
* A segunda pessoa da [[Santíssima Trindade]] (segundo a Igreja Católica e na grande maioria das religiões cristãs)
 
* [[Emanuel]] (Deus conosco)
 
* Luz do Mundo
 
   
  +
{{hes|Notas}}
- '''Em hebraico:'''
 
  +
<div class="references-small" style="-moz-column-count:2; -webkit-column-count:2; column-count:2"><references group=nota/></div>
* El (Deus) Genesis 46:6
 
  +
{{Ref-section|col=2}}
* El Elyon (Deus Altíssimo) Gn 14:22
 
* El Shaddai (Deus Todo-Poderoso) Gn 17.1
 
* El Olam (Deus Eterno) Gn 21.33
 
* Elohim (Deus) Gn 1.1 ou Deus Criador para alguns.
 
* Adonai (Meu Senhor) Js 5.14
 
* YHWH, Javé, Iavé, Yaveh - O Senhor (Eu Sou o que Sou.) Ex 3:14;15
 
* Jeová - Combinação de Adonai com Javé - Senhor Deus
 
* Javé Jirê (O Senhor Proverá) Gn 22.14
 
* Javé Nisi (O Senhor é Minha Bandeira) Ex. 17.15
 
* Javé Elohim (O Senhor é bom) ou (O Senhor Criador) Jz 5.3
 
* Javé Shalom (O Senhor é paz) Jz 6.24
 
* Javé Sebaot (O Senhor dos Exércitios) 1Sm 1.3
 
* Yeshua HaMashiach- Jesus o Cristo ou Jesus o Messias (Mashiach)
 
* Ruach Kadosh, Ruach HaKadosh - Espírito Santo
 
* Issa
 
- '''Em grego:'''
 
* Theós (Deus) Mt 1.23; Mt 6.30
 
* Kyrios (Senhor) Kyrios o Theós (Senhor Deus, na LXX) Êx. 20.11
 
* Pater (Pai) Mt 6.9; Jo 4.23
 
* Aba Pai (paizinho, papai)
 
* Kristos, Iktos - Cristo, Messias
 
- '''Outros nomes:'''
 
* Emmanuel - Deus conosco
 
* Ebenézer - Até aqui o Senhor nos ajudou
 
   
 
== Ver também ==
 
== Ver também ==
*[[Jesus Cristo]]
 
*[[Cristianismo]]
 
 
*[[Judaísmo Messiânico]]
 
*[[Judaísmo Messiânico]]
*[[Sinagoga de Cafarnaum]] - sinagoga construída no mesmo local onde Jesus ensinou, ainda existente.
 
 
*[[Códice Sinaiticus]]
 
*[[Códice Sinaiticus]]
 
*[[Milagres de Jesus]]
 
*[[Milagres de Jesus]]
*[[Testimonium Flavianum]] - passagens do historiador judeu [[Flávio Josefo]] comenta sobre Jesus no ano 93 d.C.
 
*[[Didaquê]] - Escrito do primeiro século que cita Jesus
 
*[[Virgem Maria]]
 
 
*[[Maria Madalena]]
 
*[[Maria Madalena]]
  +
*[[Lista de pessoas proclamadas Messias]]
*[[Isa (profeta)|Isa]] - perspectiva muçulmana da figura de Jesus, considerado um profeta no [[islão]].
 
*[[Lista de pessoas proclamadas Messias]]-uma lista de pessoas através da história que foram consideradas [[Messias]] .
 
*[[Bíblia]]
 
*[[Evangelho]]
 
   
  +
==Ligações externas==
  +
* {{link|pt|http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/251202/religiao_1992.html|O Jesus da história}}
  +
* {{link|pt|http://veja.abril.com.br/151204/p_102.html|A busca pelo Jesus da História}}
  +
* {{link|pt|http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_12041995.shtml|A morte de Jesus}}
  +
* {{link|pt|http://veja.abril.com.br/251202/p_086.html|As faces de Jesus}}
   
 
{{Wikipédia|Jesus}}
 
{{Wikipédia|Jesus}}

Edição atual tal como às 15h48min de 5 de fevereiro de 2009

Nota: Para outros significados de Jesus, ver Jesus (desambiguação).
Jesus
Nome completo
Nascimento
Falecimento
Etnia
Ocupação

Jesus[nota 1][nota 2] (8-4? a.C.29-36? d.C.[1][2]Erro de citação: Marca <ref> inválida; nomes inválidos, por exemplo, muito extenso) é a figura central do cristianismo[3]. Para a maioria dos cristãos ele é a encarnação de Deus, o "Filho de Deus", que teria sido enviado à Terra para salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou ao terceiro dia (na Páscoa)[3]. Para os adeptos do islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabe como Isa (عيسى, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do Juízo Final[4] [5]. Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta[6] , outros um apóstata[7]. A Bíblia é umas das principais fontes de informação sobre ele.

Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana da Judéia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.

Fontes textuais[]

P52 recto

As fontes textuais sobre Jesus podem ser agrupadas em quatro categorias:

  • As cartas de Paulo, (posteriormente incluídas no Novo Testamento): Escritas aproximadamente entre 51 e 63 d.C. [8], por Paulo de Tarso, representam os documentos cristãos mais antigos, mas não contêm informações biográficas sobre Jesus que poderiam ser úteis para o estudo da figura histórica. No entanto, seu testemunho nos ajuda a entender como Jesus era reconhecido nas mais antigas comunidades cristãs;
  • Os quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João): De acordo com alguns historiadores, estes textos chegaram a sua forma definitiva em meados do século I, tendo sido escritos em várias versões, que foi precedida de uma década de tradição oral[nota 4], enquanto outros só chegariam em sua versão definitiva apenas na metade do segundo século[9]. Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de no pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos evangelhos e a historicidade de Jesus têm se desenvolvido;
  • Os livros apócrifos: Geralmente, não são aceitos pelos estudiosos como testemunhas confiáveis da história [10][nota 5] (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes[11][nota 6]), eles fazem uso de fábulas legendárias em grande partes de suas narrativas.[12]. Seus tipos e estilos são variados:
  • Os evangelhos apócrifos (como o Evangelho do Pseudo-Tomé e o Evangelho do Pseudo-Mateus) que contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por vezes caprichoso e vingativo;
  • Os evangelhos gnósticos (incluindo o Evangelho de Felipe e Evangelho de Tomé), que contêm revelações privadas e interpretações inéditas sobre o "logos", e transforma Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de alcançar salvação [nota 7];
  • Os evangelhos apócrifos da paixão (por exemplo, o Evangelho de Pedro e o Evangelho de Nicodemos) que não acrescentam muito às descrições de morte de Jesus dos Evangelhos canônicos, mas com a característica distintiva de retirar a culpa de Pôncio Pilatos e coloca-las sobre os chefes e autoridades religiosas judias.
  • Fontes históricas não-cristãs sobre Jesus: Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga destas obras é o Testimonium Flavianum. Alguns historiadores [13] consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos.

Etimologia[]

O nome Jesus vem do hebraico ישוע (Yeshua[nota 8]), que significa "Jeová (YHVH) salvaErro de citação: Marca <ref> inválida; nomes inválidos, por exemplo, muito extenso. Foi também descrito por seus seguidores como Messias (do hebraico משיח (mashíach, que significa ungido e, por extensão, escolhido[14]), cuja tradução para o grego, Χριστός (Christós), é a origem da forma portuguesa Cristo[15].

Nomes e títulos de Jesus[]

Arquivo:Ichthys.svg

O símbolo do peixe, recorrente no início da iconografia cristã. O termo "peixe" em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrônimo de Ἰησοῦς Χριστός Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de Deus Salvador[16].

Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários epítetos e títulos (A lista está em ordem decrescente de frequência):

  • "Cristo". Literalmente significa "ungido"[14], e foi posteriormente associado ao Messianismo. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político[nota 9][nota 10]
  • "Senhor". Utilizado principalmente no livro de Atos dos Apóstolos e nas cartas. O título honorífico, em grego clássico é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a Septuaginta faz deste título com o temo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos nomes de Deus.
  • "Filho do Homem." Na tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação escatológica.
  • "Rei". O atributo da realeza foi relacionada com o Messias, que era considerado um descendente e herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se indetificar como o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título[18].

Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou Mestre)[19] Profeta[20] Sacerdote[21], Nazareno[22], Deus[23], Verbo[24], Filho de José[25] e Emanuel[26].

Além disso, especialmente no Evangelho segundo João, são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como: Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, bom pastor, pão de vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e Verdade[27].

Pontos de vista sobre Jesus[]

Método histórico[]

Crystal Clear app xmagVer artigo principal: Jesus histórico

Estudiosos têm utilizado o método histórico para desenvolver a provável reconstruções da vida de Jesus. Ao longo dos últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos evangelhos[28]. Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista teológico[nota 11], ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica[3]. As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus[nota 12][nota 13][29][30].

O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus histórico[31] é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do século XVIII, estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a compreensão do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e sociológica, além da análise literária dos ditos de Jesus[32].

No islamismo[]

Arquivo:Turkish-islam isa.jpg

Ascensão de Jesus numa antiga pintura turca.[33]

Crystal Clear app xmagVer artigo principal: Isa (profeta)

Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.

A virgindade de Maria é plenamente reconhecida pelo islã.[34] Jesus teria anunciado várias vezes na Bíblia a chegada de Maomé como o último profeta.[35] A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, dos qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus[36]. A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do Juízo Final [37] e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira[nota 14].

O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota 15][38].

No judaísmo[]

Crystal Clear app xmagVer artigo principal: Yeshua
Consulte também: Yeshu ben Pantera e Judaísmo messiânico.

O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia[39]. O judaísmo também sustenta que Jesus não é o messias[40] argumentando que ele não cumpriu as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela Torá para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum profeta poderia contradizer as leis já mencionado na Torá, que os rabinos afirmam que Jesus fez.[41]

O Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam), considerado uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus é um "obstáculo" quem faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica[42][43]. E quanto ao Judaísmo reformista, o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um apóstata"[44].[nota 16]

No cristianismo[]

Crystal Clear app xmagVer artigos principais: Cristologia e Jesus Cristo.

A figura de Jesus de Nazaré é o centro da religião conhecida como cristã, embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa.[nota 17] De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato[nota 18] e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir salvação[nota 19]. Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus. A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança soteriológica. Como ato, é exclusivo da divindade e indisponível homem. De forma mais precisa, a encarnação, a morte e a ressurreição compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza[nota 20], o pecado[nota 21], e a morte[nota 22]. Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz humana[45]. Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte.[46]

Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no Concílio de Nicéia, com a formulação de Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de várias igrejas protestantes. O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:

Cquote1 Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.[47] Cquote2

Existem, no entanto, igrejas não trinitárias que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus[nota 23].

Jesus de Nazaré é também considerado a encarnação e filho de Deus, segunda pessoa da trindade cristã. É por filho por natureza, e não por adoção, o que significa que sua divindade e sua humanidade são inseparáveis[nota 24]. A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes termos:

Cquote1 Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.[48] Cquote2

Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias[]

Crystal Clear app xmagVer artigo principal: Disputas cristológicas

Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e do Concílio de Calcedónia.

  • Nestorianismo variante doutrinal inspirado pelo pensamento de Nestório, que possui uma denominação ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente). O centro de sua doutrina é a recusa a acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso.
  • Monofisismo é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Ele foi promovido pelo Eutiques e rejeitado no Concílio de Calcedónia.

Novos movimentos religiosos de origem cristã[]

Vários movimentos religiosos cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX, se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão. Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.

  • A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (conhecido como Mórmons) crêem que Jesus oferece duas salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual.[49] Os mórmons também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a América e continuou ali seus ensinamentos[50]
  • As Testemunhas de Jeová consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como “o primogênito de toda a criação”, e também como “o primogênito dentre os mortos”, ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna"[51]. Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade, nem foi ressuscitada por si próprio, mas Deus o levantou dos mortos[52]. As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa cruz[53], mas numa estaca de tortura, portanto, não usam a cruz ou qualquer outro símbolo. Outra característica importante é que Jesus se tornou rei do céu em 1914 e que desde então vivemos na período da Segunda vinda de Cristo. O arcanjo Miguel é considerado o próprio Jesus Cristo na sua posição celestial.
  • A Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma escatologia milenarista e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável.

Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de salvação[nota 25].

Biografia de Jesus pelo Novo Testamento[]

Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.

Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo[nota 26], que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.

Genealogia[]

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A anunciação do Anjo Gabriel a Maria, por Leonardo da Vinci, 1475, Galleria degli Uffizi, Florença

Há duas apresentações nos Evangelhos sobre a genealogia de Jesus. Uma delas está logo no começo do livro de Mateus (Mateus 1:1-17) e se refere à linhagem real de Jesus por intermédio de José, apresentando-o como descendente do Rei Davi. A outra encontra-se registrada por Lucas (Lucas 3:23-38) e fala da linhagem de Maria, que também descende de Davi.

Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão. Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe e Tamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas. Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.

Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus a partir de sua mãe, retrocedendo continuamente até Adão, talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus[56].

Nascimento[]

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A adoração de Cristo, Fra Angélico e Filippo Lippi, National Gallery of Art, Washington

Crystal Clear app xmagVer artigo principal: Nascimento de Jesus
Consulte também: Três Reis Magos.

De acordo com o relato de Lucas, na época do rei Herodes o sacerdote Zacarias, esposo de Isabel — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel.

No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era virgem e noiva de José, e anuncia que ela viria a conceber do Espírito Santo e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo o revelou a vontade de Deus, e aceitando-a, recebeu Maria como esposa.

Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de Belém, teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local do nascimento de Jesus.

Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado ao templo por sua família para ser circuncidado, quando foi abençoado por Simeão e Ana.

Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incenso e mirra representando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar aquele que lhe iria tomar o trono. Tal notícia teria chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o Egito. Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.

Infância e juventude[]

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John Everett Millais, Gesù nella casa dei suoi genitori, 1850.

Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de Mateus, Jesus teria passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes, que queria matá-lo.

Em virtude da lacuna deixada pelos Evangelhos Canônicos, o pouco que se sabe da infância de Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita do século I, conhecido como "A Infância do Senhor Jesus", também denominado como o Evangelho do Pseudo-Tomé, um antigo manuscrito apócrifo escrito em Siríaco. Porém é conveniente salientar que tais fontes têm sua autenticidade contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos dos século II ao IV, diversos das raízes tradicionais cristãs.

Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, Lucas diz que, aos 12 anos, ele foi com os pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores do Templo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes. [57]

Batismo e tentação[]

Arquivo:Ary Scheffer - The Temptation of Christ (1854).jpg

Tentação de Cristo por Ary Scheffer, pintura do século XIX.

Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem o batismo de Jesus por João Batista[58], e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus foi para o rio Jordão onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.

Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado por Jesus. Mas Jesus insistiu, "Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de João não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de Deus.

Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta noites[59]. Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das escrituras[60]. Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.[61]

Ministério[]

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O Sermão da Montanha, Carl Heinrich Bloch, Copenhagen, séc. XIX.

Os evangelhos narram que Jesus, o messias, veio para "dar a sua vida em favor de muitos" e "anunciar as boas novas do reino de Deus".[62] Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como Lázaro)[63].

O evangelho de João descreve três Pessachs durante o ministério de Jesus, e isso implica em dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês,[64] apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano[65][66]. Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a Tiberíades pelo Mar da Galiléia. Esteve também em cidades como Samaria, na Judéia e sobretudo em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.

Em suas pregações, Jesus anunciava o reino de Deus e afirmava ser ele o próprio Filho de Deus. Também afirmava ter o poder de perdoar pecados.

A transfiguração[]

Predefinição:Principal De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam, então Elias e Moisés apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi".

Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.

A paixão[]

A entrada triunfal em Jerusalém[]

Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa da páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um jumento[nota 31]. Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi"[67]. Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.

Segundo Lucas, alguns dos fariseus, ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).

Ceia anterior à crucificação[]

Leonardo da Vinci (1452-1519) - The Last Supper (1495-1498)

A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, 1495-1497

Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes. Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados".[68]

O Evangelho segundo João oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a oração sacerdotal.

A prisão[]

Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.

Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.[69] Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram[70][nota 32].

O julgamento[]

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Ecce Homo ("Eis o homem"!), Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus Cristo aos judeus. Obra do pintor italiano Antonio Ciseri (1821-1891)

Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo Sacerdote. A lei judaica não permitia que o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante o Pessach e condenasse um homem à morte durante a noite. Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo. Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era, e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.

Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de Pôncio Pilatos, que então governava a província romana da Judéia. Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a Herodes Antipas — filho de Herodes, o Grande — que governava a Galiléia. Lucas conta que Herodes zombou de Jesus, vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.

Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome Barrabás, na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade. A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás. Pilatos condenou então Jesus a morrer na cruz. A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.

A crucificação[]

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Diego Velázquez, Cristo crucificado, 1631.

Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "Salve o Rei dos Judeus"[71]. A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado gólgota[nota 33]. Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu, que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.

Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase latina "Iesus Nazarenus Rex Iudeorum"[nota 34]. Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões[72][nota 35]. Antes de morrer, Jesus exclamou: "Elí, Elí, lemá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Depois de três horas, Jesus morreu. José de Arimatéia e Nicodemos depuseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.

A ressurreição[]

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A ressurreição de Cristo, por Raffaello Sanzio, 1500. MASP

Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria Madalena foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro. Dois discípulos viram-no na estrada de Emaús.

Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galiléia onde chegou a ser visto por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da ressurreição.

Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:

Cquote1 E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos. Cquote2
(Mateus, 28:2-4

Nesta mesma fonte histórica, isto é, no Evangelho de Mateus, é informado também que os líderes judeus da época teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os vigias estivessem dormindo [73].

Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos, há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também encontrada no Novo Testamento bíblico, seria um breve relato de Paulo nos versos de 3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios, escrita por volta do ano 55 da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus após a sua ressurreição, não registradas nos Evangelhos. Numa delas, Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião, teria aparecido ao seu parente Tiago, o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.

A ascensão[]

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Garofalo: Ascensão de Cristo, 1510-20.

Predefinição:Principal A ascensão de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por Lucas.

Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que, após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma nuvem.

Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento, informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado para o céu (Lucas 24:50-52).

Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:

Cquote1 Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir Cquote2
Atos, 1:11

Diferente da ocasião da dramática morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.

Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do mundo (Mateus 28:20).

Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento bíblico trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em Patmos e recebe a missão de escrever o Apocalipse.

Supostas relíquias de Jesus[]

Arquivo:Shroud positive negative compare.jpg

Detalhes do Sudário: A esquerda o retrato real, a direita um negativo em preto e branco.

Crystal Clear app xmagVer artigos principais: Prepúcio Sagrado, Santo Graal e Santo Sudário.

Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a Jesus. É provável que muitas (se não todas) dessas relíquias sejam falsificações medievais[74][75][76].

Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida[77] relíquia de Jesus é o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho e mede 442 x 113cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação, a corroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico[nota 36]. Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.

As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as lascas da cruz, a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz[nota 34] e taça que ele teria usado na última ceia (o Santo Graal).

Jesus na ficção e na arte[]

Na arte[]

Arquivo:Cefalu Christus Pantokrator cropped.jpg

Cristo Pantocrator, mosaico. Catedral de Cefalù.

Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o monograma formado pelas letras gregas Χ y Ρ, iniciais do nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω, primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ (Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.

Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, e a partir do século IV foi representado quase exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na Europa medieval.

Na literatura[]

Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais destacadas que trataram do tema podemos citar:

  • Mikhail Bulgakov: O Mestre e Margarida (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).
  • Robert Graves: Rei Jesus (1947).
  • Níkos Kazantzákis: Cristo Crucificado (1948) e A Última Tentação de Cristo (1951), no qual se basearia Martin Scorsese para filmar o filme homônimo.
  • Fulton Oursler: A Maior História Jamais Contada (1949). No qual se baseou o filme de George Stevens.
  • José Saramago: O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991).
  • Norman Mailer: O Evangelho segundo o Filho (1997).
  • Fernando Sánchez Dragó: Carta de Jesus ao Papa (2001).

O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.

  • Mirza Ghulam Ahmad: Jesus na Índia 1899
  • Juan José Benítez: Operação Cavalo de Tróia (1984-2006; saga de vários volumes).
  • Dan Brown: O Código da Vinci (2003)

No cinema[]

A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato, Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no cinema. O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis Lumière[78]. No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille.

O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollwood O Rei dos Reis (Nicholas Ray, 1961) até as visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).

Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última Tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, baseado no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica[79][80].

A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos[nota 37]. Não faltam, por exemplo, interpretações satíricas da figura do criador do cristianismo, como A Vida de Brian (Terry Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).

No teatro[]

A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da Broadway e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o popular musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera de rock com músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice, representada pela primeira vez em 1970, e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta[81]. Também se destaca a peça Godspell, com música de Stephen Schartz e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em 1970[82].

Notas

  1. 1,0 1,1 O nome Jesus é a versão portuguesa da forma grega Ίησους, transliterado Iēsous que por sua vez é a tradução do nome hebraico Yeshua, que por ser filho de Maria e de José, o carpinteiro, em Belém, é reconhecido oficialmente na genealogia da Casa Real de David como Yeshua ben Yoseph, ou seja, "Jesus, filho de José".
  2. Jesus também é conhecido como Jesus de Nazaré, Jesus Nazareno ou Jesus da Galiléia, os cristãos o chamam de Jesus Cristo e os muçulmanos o conhecem por Isa.
  3. Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro 7Q5 encontrado em Qumran, que remontaria a 50 d.C.: Segundo alguns estudiosos, ele contém Marcos 6:52-53, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do Evangelho segundo Marcos.
  4. A datação do primeiro século foi é proposta pela maioria dos estudiosos cristãos. Veja, por exemplo, a datação da Traduction Oecuménique de la Bible (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do século I (p. 2414).
  5. Citação: Luigi Moraldi escreveu: «O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito ténue, e na maioria das vezes nulo.»
  6. Citação: Luigi Moraldi escreveu: «[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revelam tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.»
  7. Veja também o artigo Gnosticismo.
  8. Nos relatos de Toledot Yeshu, elementos dos Evangelhos sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de “Yeshu” no Talmud. Tais narrativas explicam a designação Yeshu como um acrônimo da frase hebraica ימח שמו וזכרו - Yemach Shemô Vezichrô - Seja apagado seu nome e sua memória.
  9. À época, a Palestina estava sob dominação do Império Romano.
  10. Veja também o artigo Jesus Cristo.
  11. O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a .
  12. Citação: Robert E. Van Voorst escreveu: «A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.»
  13. Citação: Walter P. Weaver escreveu: «A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.»
  14. Ou seja, que ele teria sido realmente enviada por Deus
  15. A Trindade cria um problema para Maomé: o politeísmo contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos coliridianos). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio Concílio de Latrão, que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim a há diferenças. Eles estão incrédulos dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. ... O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro. (Sura Al-Ma'ida, ayat 77 à 79)
  16. Um personagem chamado Yeishu (Jeshu ou em hebraico: יש"ו) é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o Talmud babilônico, elaborado no início do século VII, e da literatura Midrash, elaborada entre os séculos III e VIII. O nome é semelhante mas não idêntico à Yeshua, que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em aramaico. Além disso, em vários manuscritos do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus à apostatar da sua religião.
  17. Levando em conta que o cristianismo está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de denominações cristãs. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas heresias desde o início.
  18. A ressurreição de Jesus de Nazaré é um dos únicos fato que distingue o cristianismo das outras religiões gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eternos retornos, o cristianismo assume desde o início, um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura. Veja também o livro de Henry Puech, El tiempo en el cristianismo
  19. Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da evolução natural, teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente caído.
  20. A natureza de Deus (incriada) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo ontológico da criação ex nihilo
  21. A necessidade do pecado é natual à natureza decaída do ser humano
  22. Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).
  23. Veja os artigos Deus no cristianismo e Unitarianismo.
  24. Veja o artigo União hipostática.
  25. São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da Igreja da Unificação, que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.
  26. Seus relatos estão no livro Testimonium Flavianum, que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus
  27. Por exemplo: A Parábola do Joio, A Parábola do Empregado Mau, A Parábola dos Trabalhadores da Vinha e A Parábola das Dez Virgens.
  28. Por exemplo: a ressureição do filho da viúva de Naim, A Parábola do Bom Samaritano, A Parábola do filho Prodigo, A Parábola do rico e de Lázaro, A Parábola do Fariseu e do Publicano.
  29. Por exemplo: a cura de um cego de nascença, o Bom Pastor, a ressurreição de Lázaro.
  30. com a perícope dos Discípulos no caminho de Emaús.
  31. Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta." Zacarias 9:9
  32. O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma coorte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega
  33. Em aramaico Gólgota significa "Lugar das caveiras".
  34. 34,0 34,1 Esta seria a inscrição que Pilatos teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων), em latim (IESVS·NAZARENVS·REX·IVDÆORVM) e em hebraico: (ישוע הנצרי ומלך היהודים) e a sua tradução seria: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus.
  35. João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.
  36. Alguns têm falado do Sudário como uma foto Polaroid da ressurreição.
  37. Veja também o anexo Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão

Notas[]

  1. 1,0 1,1 1,2 A maioria dos historiadores e eruditos bíblicos definem as datas de nascimento e morte de Jesus nesse período. Entre eles: D. A. Carson, Douglas J. Moo e Leon Morris. An Introduction to the New Testament. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1992, 54, 56
  2. Michael Grant, Jesus: An Historian's Review of the Gospels, Scribner's, 1977, p. 71; John P. Meier, A Marginal Jew, Doubleday, 1991–, vol. 1:214; E. P. Sanders, The Historical Figure of Jesus, Penguin Books, 1993, pp. 10–11, e Ben Witherington III, "Primary Sources," Christian History 17 (1998) No. 3:12–20.
  3. 3,0 3,1 3,2 Ratzinger, Joseph. Jesus de Nazaré (em português). 1º Edição.ed. Planeta do Brasil, 2007. 312 p. ISBN 9788576652786
  4. A visão Islamica sobre Jesus (em português) Sociedade beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro. Página visitada em 14 de outubro de 2008.
  5. Carlos Brazil. Jesus é profeta para muçulmanos (em português) Universia Brasil. Página visitada em 14 de outubro de 2008.
  6. John T. Pawlikowski. Vistas Modernas Judaicas de Jesus (em português) Relacionamentos Judaicos-Cristãos. Página visitada em 14 de outubro de 2008.
  7. Sergio Feldman. Judaísmo e cristianismo: reflexões históricas (em português) Visão Judaica. Página visitada em 14 de outubro de 2008.
  8. Traduction Oecuménique de la Bible, pp. 2919-2920.
  9. Alfred Loisy. Le origini del Cristianesimo (em italiano). , 1964. . Ambrose Domini também assume uma data entre 70 d.C e meados do segundo século.
  10. Luigi Moraldi. Apocrifi del Nuovo Testamento (em italiano). Piemme, 1984.
  11. Luigi Moraldi. I Vangeli Gnostici (em italiano). Adelphi, 1991.
  12. Geno Pampaloni, La fatica della storia
  13. Entre estes Emil Schürer (The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (175 B.C.- A.D. 135), 4 voll., Edimburgo, T. & T. Clark, 1973-87) e Henry Chadwick (The Early Church, Londra, Penguin, 1993²
  14. 14,0 14,1 Definição de Messias (em português) ExtremeHost. Página visitada em 16 de outubro de 2008.
  15. Pedro Mendes. Significado e etimologia do termo Cristo (em português) Público.pt. Página visitada em 16 de outubro de 2008.
  16. Análise dos símbolos religiosos (em português) Compreender - Revista Cristã de Reflexão. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  17. Veja Lucas 1:26-38.
  18. Veja João 6:15 e João 18:36.
  19. Mateus 19:16-17, Mateus 26:18, João 20:16 e Marcos 5:35
  20. Mateus 13:57, João 4:19 e João 7:40
  21. Hebreus 8:4 e Hebreus 10:21
  22. Mateus 26:71, Marcos 16:6, Atos 2:22 e Atos 22:8
  23. Veja João 20:28
  24. João 1:1-4, João/I#1:1 I João 1:1 e Apocalipse 19:13.
  25. Veja João 1:45
  26. Veja Mateus 1:23
  27. Algumas referências são: João 1:29, João 3:19, João 10:11, João 6:35, João 10:7, João 14:6 e João 18:37
  28. Borg, Marcus J. e N. T. Wright, The Meaning of Jesus: Two visions. New York: HarperCollins. 2007.
  29. Robert E. Van Voorst, Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient Evidence Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000, p. 16.
  30. Walter P. Weaver, The Historical Jesus in the Twentieth Century, 1900-1950, Continuum International, 1999, page 71.
  31. Albert Schweitzer. A Busca do Jesus histórico: Um estudo crítico de se progesso (em português). São Paulo: Editora Cristã Novo Século, 2005. 485 p. ISBN 8586671304
  32. Cross, F. L., ed. The Oxford Dictionary of the Christian Church. New York: Oxford University Press. 2005 - article "Historical Jesus, Quest of the"
  33. Karl Veitschegger. Jesus nas outras religiões (em alemão). Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  34. Sura Al-i-Imran, ayat 41, Sura Al-Ma'ida, ayat 19 e Sura Maryam (sura), ayat 22 e seguintes.
  35. Jesus anuncia a vinda de Maomé. Página visitada em 30 de dezembro de 2008.
  36. Sura Al-i-Imran, ayat 48 e sura An-Nisa, ayat 156.
  37. Sura An-Nisa, ayat 157 e sura Az-Zukhruf, ayat 61
  38. Vermet, John. O Alcorão, páginas 48, 49, 135, 146, 147.
  39. Sa'adiah ben Yosef Gaon. Book of the Articles of Faith and Doctrines of Dogma. , 933.
  40. Why do not Jews believe that Jesus was the messiah? (em inglês) AskMoses.com. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  41. Rabino Shraga Simmons. Por que os judeus não acreditam em Jesus? (em português) Beit Chabad do Brasil. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  42. Quem são os "judeus"-messiânicos? (em português) União Sefardita Hispano-Portuguesa de Beneficência. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  43. Jonathan Waxman. Messianic Jews Are Not Jews (em inglês) United Synagogue of Conservative Judaism. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  44. Reform's Position On...What is unacceptable practice? (em inglês). Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  45. Ver João 1:14
  46. Vladimir Lossky. Teología mística de la iglesia de oriente.
  47. O Credo Niceno (em português) Monergismo. Página visitada em 28 de Janeiro de 2009.
  48. Credo da Calcedônia (em português) Covenant Protestant Reformed Church. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  49. "Guía Para el Estudio de las Escrituras: Salvación | El Libro de Mormón". La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; pág. 184
  50. Terceiro livro de Nefi, capítulos 11 à 28 do Livro de Mormón. La Iglesia de Jesucristo de los Santos de los Últimos Días. Salt Lake City 1992; págs 518-559.
  51. Quem é Jesus Cristo? (em português) Torre de Vigia. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  52. Jesus Cristo: Deus ou homem? (em português) Torre de Vigia. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  53. Recordação dos dias finais de Jesus na Terra (em português) Torre de Vigia. Página visitada em 18 de Outubro de 2008.
  54. Angelico, Poppi. Sinossi quadriforme dei quattro vangeli (em italiano). EMP, 1992. 576 p. ISBN 9788825017816
  55. A mais antiga referência sobre a ressurreição e as aparições de Jesus é Coríntios/XV#15:3-8 1 Coríntios 15:3-8, já que a Primeira Epístola aos Coríntios é datada como tendo sido escrita em 56 d.C
  56. Para analisar as diferenças entre as genealogias de Marcos e Mateus, veja Darrell L. Bock, Lucas. Grand Rapids: Baker, 1994. páginas 918-923.
  57. Lucas 2:46-47
  58. Em Mateus: Mateus 3:13-17, em Marcos: Marcos 1:9-13 e em Lucas Lucas 3:20-23
  59. Mateus 4:1–2, Marcos 1:12 e Marcos 1:12
  60. As citações são: Deuteronômio 6:13, Deuteronômio 6:16 e Deuteronômio 8:3
  61. Mateus 4:1–11, Marcos 1:12–13 e Lucas 4:1–113
  62. Marcos 10:45, Lucas 4:43 e João 20:31.
  63. João 11:1–44, Mateus 9:25 e Lucas 7:15
  64. John P. Meier. Um Judeu Marginal: Repensando Jesus Histórico (em português). 3º.ed. Imago, 1992. 483 p. ISBN 8531202833
  65. "The Thompson Chain-Reference Study Bible NIV," 1999, B.B. Kirkbride Bible Co.
  66. William Adler & Paul Tuffin, "The Chronography of George Synkellos: A Byzantine Chronicle of Universal History from the Creation," Oxford University Press (2002), p. 466
  67. Mateus 21:1-11, Marcos 11:1-11, Lucas 19:28-40 e João 12:12-19.
  68. Mateus 26:26-29, Marcos 14:22-25 e Lucas 22:19-20. Para os cristãos, tal gesto deu origem à tradição da eucaristia
  69. Mateus 26:14-16, Marcos 11:10-11 e Lucas 22:3-6
  70. Mateus 26:47-56, Marcos 14:43-52, Lucas 22:47-53 e João 18:2-12.
  71. Mateus 27:26-31 e Marcos 15:15-20
  72. Mateus 27:32-44, Marcos 15:21-32, Lucas 23:26-43, João 19:16-24.
  73. (Mateus 28:12-15)
  74. Paulo da Silva Neto Sobrinho. Falsificações (em português) Portal do Espírito. Página visitada em 24 de Outubro de 2008.
  75. Paul-Eric Blanrue. O milagre da multiplicação de relíquias (em português) História Viva. Página visitada em 24 de Outubro de 2008.
  76. A falsificação do Sudário de Turim (em português) Ceticismo, Ciência e Tecnologia. Página visitada em 24 de Outubro de 2008.
  77. De acordo com muitos, o Sudário é provavelmente o mais estudado do mundo. Ver, por exemplo, "Sudário de Turim', da Enciclopédia da CICAP.
  78. La vie et la passion de Jésus-Christ (em inglês) no Internet Movie Database
  79. Paoula Abou-Jaquode. Versão de Mel Gibson para "Paixão de Cristo" revolta religiosos (em português) Folha online. Página visitada em 24 de Outubro de 2008.
  80. Angela Pimenta. Polêmico filme de Mel Gibson sobre Cristo estréia nos EUA (em português) BBC Brasil. Página visitada em 24 de Outubro de 2008.
  81. Jesus Cristo Superstar - Sinopse (em português). Página visitada em 19 de Outubro de 2008.
  82. Godspell (em português). Página visitada em 19 de Outubro de 2008.



Ver também[]

  • Judaísmo Messiânico
  • Códice Sinaiticus
  • Milagres de Jesus
  • Maria Madalena
  • Lista de pessoas proclamadas Messias

Ligações externas[]

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